24 de dezembro de 2010
Feliz Natal
http://www.ionline.pt/itv/53110-natal-explicado-em-versao-digital
Feliz Natal!
23 de dezembro de 2010
Coisas que eu queria ter escrito
Num tempo de coração apertado, muitas lágrimas e alguma dor, a lembrança de que alguém, tão inesperado, me considera "folha" da sua árvore fez-me sorrir e relembrar o que, também, de bom teve este ano e que tendo a esquecer por estes dias.
Para vocês, em especial, aqui fica.
Existem pessoas nas nossas vidas
que nos deixam felizes pelo simples facto
de terem cruzado o nosso caminho...
Algumas caminham ao nosso lado,
vendo muitas luas passarem,
mas outras apenas vemos entre um passo e outro.
A todas elas chamamos de amigo.
Há muitos tipos de amigos.
Talvez cada folha de uma árvore caracterize um deles.
O primeiro que nasce do broto
é o amigo pai e o amigo mãe.
Mostram o que é ter vida.
Depois vem o amigo irmão,
com quem dividimos o nosso espaço
para que ele floresça como nós.
Passamos a conhecer toda a família,
a qual respeitamos e desejamos o bem.
Mas o destino apresenta-nos outros amigos,
os quais não sabíamos que
iam cruzar o nosso caminho.
Muitos desses são designados
amigos do peito, do coração.
São sinceros, são verdadeiros.
Sabem quando não estamos bem,
sabem o que nos faz feliz...
Às vezes, um desses amigos do peito
faz estremecer o nosso coração e então
é chamado de amigo namorado.
Esse dá brilho aos nossos olhos,
música aos nossos lábios, pulos aos nossos pés.
Mas também há aqueles amigos por um tempo,
talvez umas férias ou mesmo um dia ou uma hora.
Esses costumam colocar muitos sorrisos na nossa face,
durante o tempo que estamos por perto.
Falando em perto,
não podemos nos esquecer dos amigos distantes,
que ficam nas pontas dos galhos,
mas que quando o vento sopra,
aparecem novamente entre uma folha e outra.
O tempo passa,
o verão passa,
o outono se aproxima,
e perdemos algumas de nossas folhas.
Algumas nascem num outro verão
e outras permanecem por muitas estações.
Mas o que nos deixa mais feliz
é que as que caíram continuam por perto,
continuam a alimentar a nossa raiz com alegria.
Lembranças de momentos maravilhosos
enquanto cruzavam o nosso caminho.
Simplesmente porque:
Cada pessoa que passa em nossa vida é única.
Sempre deixa um pouco de si e leva um pouco de nós.
Há os que levaram muito,
mas não há os que não deixaram nada.
Esta é a maior responsabilidade de nossa vida
e a prova evidente de que
duas almas não se encontram por acaso.
A ti, folha da minha árvore, desejo-te
Paz, Amor, Saúde, Sucesso, Prosperidade...
Hoje que é Natal e Sempre...
22 de novembro de 2010
Copo vazio
Dias de desalento, sem esperança. Como hoje.
E no entanto... amanhã será um novo dia... em que talvez, quem sabe? o copo esteja de novo erguido, tenha de novo algum alento.
É... talvez amanhã. Hoje não.
5 de novembro de 2010
Viajar de novo...
A resposta, imediata, quase na ponta da língua, saiu: Cuba.
Pelas praias? Não, pelas pessoas. Pelo país que é lindo. Pelo sorriso das gentes.
Logo depois surgiram outros: Istambul, Londres, Barcelona.
A conversa terminou ali, a reunião estava à nossa espera. Mas fiquei a pensar no assunto... se tivesse realmente de escolher um lugar, um único, qual escolheria? Por isso regressei aos "diários de bordo" e às viagens que me marcaram por tantas, e tão diferentes, razões.
Curiosamente, ou talvez não, nunca viajei com o meu amor. Passado ou presente. Viajei com amigos, com família, sozinha. Mas nunca com o meu amor. Viagens "a sério". Com direito a aeroporto e avião e fuso horário diferente. Para o bem ou para o mal, nunca aconteceu. E acho que tenho pena. Mas talvez seja melhor assim.
Entretanto... a dúvida persiste: Cuba? Será mesmo? A melhor viagem é sempre a sonhada. O melhor destino é sempre o que se segue... ou não?
E enquanto penso nisso, revisito as fotos e as memórias. E viajo uma vez mais.
Chocolate lover... eu????
E depois ainda me admiro de andar meio enjoada e gorda! Tão gorda que até já… rebento fechos das calças :(
Ah pois é! Uma daquelas experiências fabulosas que eu preferia nunca ter tido na vida, a 10 minutos de entrar numa reunião toda XPTO na Fundação Portuguesa das não-sei-das-quantas mas que como boa “ex”escoteira que sou e moça desembaraçada, resolvi rapidamente com o auxilio de uma singela écharpe. A sobriedade intemporal da toilete clássica em black and white também ajudaram.
Se continuo a comer chocolates inteiros desta maneira não sei não… acho que o meu vestido preferido vai ter de ficar no armário :(
3 de novembro de 2010
quer-me cá parecer....
Breve descrição da cena:
A trata-me por você. B reage e pergunta “tratas a C na 3ª pessoa??“ ao que eu respondo “sabes que isto dos 40 e ar antipático, tem que se lhe diga! Respeitinho é muito bonito!” e eis que B responde: “mas tu não és antipática! És uma querida! Onde é que eles foram buscar essa ideia??”
Por isso, meus caros, oito meses depois, das duas uma: ou eu estou a perder "qualidades" ou isto está no bom caminho ;)
29 de outubro de 2010
Gosto de cor-de-rosa
E de verde.
Tropa. Azeitona. E alface.
E de azul.
Gosto tanto de azul! Do “meu azul”. Da tmn, do 146, “do céu e do mar”.
Sempre gostei de azul. De todos em geral, deste em particular. Turquesa, dizem. Mas também gosto de preto e cinzento. E vermelho, que me faz feliz.
Gosto de livros.
E de água. Do mar profundo, da transparência das margens.
E de narcisos e chocolate amargo.
E de gatos. Gosto tanto de gatos!!
Mas também gosto de golfinhos e baleias e pinguins.
E de manatins e elefantes!
E de pardais. Adoro pardais!
Chamavam-me “pardalito” quando eu era pequenina. “Anda cá, pardalito”.
Gosto de Lisboa.
E de Londres. E de Cuba. E de Barcelona.
E do Porto que aprendi a amar.
Mas que não sei como me “prendeu” por tanto tempo longe de Lisboa.
Gosto do Rui Veloso. E do António Feio. E do Diogo Infante. E do Nelson Évora.
E do Figo, pois claro.
E do Che Guevara. E do Xanana Gusmão. E do Obama.
E de tantos outros.
Gosto dos manos.
E da mãe e da avó.
E dos sobrinhos. Todos.
Mas o pequenino derrete-me… com aquele sorriso e os “olhos bonitos” que me deixam de gelatina :D
Gosto da minha amiga. E do meu amigo.
E de mais alguns que passam por aqui ou nem sabem que existo.
Gosto de ti.
22 de outubro de 2010
21 de outubro de 2010
20 de outubro de 2010
Meu amor
E atira-se nos meus braços.
Faz-me festinhas na cara. Dá-me beijinhos “á esquimó”. E abraços apertados. Bons, bons, bons!! Solta-me o cabelo (que prendo de propósito antes de chegar para que o possa fazer) e sorri maravilhado quando a pequena cascata de cabelos se solta pelos ombros. Tira-me logo o elástico e dá á avó não vá eu resolver prender o cabelo outra vez.
Anda a cavalo em cima da minha barriga. E na curva da minha anca. A galope. E ri ás gargalhadas porque me torço toda quando me faz cócegas. Gargalhadas boas, lindas, de bébé.
E quando lhe pergunto: “anda, vamos ver o cão. Queres vir com a tia, amor?” abre aquele sorriso do tamanho do mundo, em que eu era capaz de ficar para sempre, e diz decidido, a pedir colo: "Qué!" :)
14 de outubro de 2010
Coisas que eu podia ter escrito...
Há pessoas que se perdem, umas das outras, com uma facilidade que faz pensar se seriam mesmo amigas. Se alguma vez foram, realmente, amigas. Todos nós já passámos por isso.
Algumas vezes, as pessoas perdem-se mutuamente. Afastam-se. Deixam de ter coisas em comum, deixam deliberadamente o tempo passar permitindo, assim, que a amizade morra. Como uma planta que se esquece num canto da casa, sem regar, sem cuidar. Murcha, seca, some-se. Um dia vai parar ao lixo sem sequer deixar mágoa.
Mas depois há as ocasiões em que um dos amigos observa, com tristeza, o outro partir. Percebe que se nada fizer, o outro há-de acabar por sair da sua vida, devagarinho, deixando uma dor, um vazio, uma tristeza. Às vezes, aquele que observa ainda tenta recuperá-lo, dar-lhe a mão. Tenta que não se escape, como areia, por entre os seus dedos. Mas nem sempre as pessoas estão no mesmo comprimento de onda. Nem sempre querem as mesmas coisas. Nem sempre desejam a mesma amizade.
Por vezes, quem se escapa pode estar deslumbrado com outras pessoas, pode sentir que já não fala a mesma língua que o amigo que deixa para trás, pode sentir que alguma coisa se quebrou para sempre. É assim, a vida.
O pior é quando os anos passam e um dos dois continua a pensar naquele amigo que perdeu, e insiste na pergunta: será que aquilo que vivemos juntos foi verdade? Ou será que não passou de uma mentira, de uma falácia, de um encontro circunstancial? O pior é quando quem voltou as costas, displicente, se arrepende, porque percebe que optou por gente que acabou por se revelar pouco amiga, tendo preterido quem realmente gostava de si. O pior é quando este tipo de amarguras ficam pela vida fora.
Porque uma amizade verdadeira é uma coisa tão rara que devia ser mais valorizada. E quantos de nós não deixámos já alguém escapar-se-nos por entre os dedos?
13 de outubro de 2010
Sim... eu mudei isto tudo outra vez
E de lembrar os poucos dias de férias com o sol a bater no rosto e os pés dentro da água morna e transparente da ria sem pensar em mais nada...
12 de outubro de 2010
Eu estou mesmo mais gorda
Sinto-me mais bonita, mais sexy, mais feminina.
Há uns 12 anos que não estava assim, mais gorda. E é giro.
Mamãe diz que era o Porto que me fazia emagrecer. Que eram as saudades de casa. Saudades de casa sim. O stress de tanta viagem e ralação, também. O Porto não.
Por estar mais gorda, mesmo quando estou doente (como agora com esta estúpida gripe) fico com “bom aspecto”. E antes, bastava estar cansada que ficava com um ar “abatido”.
E esta nova fase é gira. A roupa fica mais justa (a maior parte fica bastante melhor) mas ainda não está no ponto de não me servir. Nas fotos da praia deste verão estou com um ar mais “composto” digamos assim.
Achei que estes quilinhos a mais iam durar uma ou duas semanas mas não, meses depois ainda por cá andam.
Mas… há o outro lado desta moeda. Estou mais gorda, essencialmente, porque há duas coisas que deixei de fazer desde que voltei para casa:
- quase não ando a pé
- a minha alimentação inclui muito menos legumes e fruta
Almoço sozinha. Qualquer coisa rápida (muitas sandes) porque não gosto de o fazer. Cozinho menos (mamãe e a mana estão sempre a mandar-me comida) e a comida delas é diferente da minha. E a preguiça instala-se: quanto menos cozinho, menos me apetece cozinhar. Mais sandes, mais massas, menos vegetais.
E coca-cola! Andava a portar-me tão bem, raramente a bebia. Não comprava para não “cair em tentação”, que aquilo vicia, já se sabe. Mas é um vicio familiar: quando não há coca-cola toda a gente reclama (até o pequenito) e todos almoçam lá em casa muitas vezes. Ora… sabendo que há, é difícil resistir!
E os bolos, claro. Todas as semanas a mana manda bolos. E eu não sou pessoa de bolos. Raramente os comia. Só quando vinha a casa. Mas não posso recusar sempre e já que estão lá… como. Ao lanche e ao pequeno-almoço. Ah pois, essa é outra: agora lancho. Nesta terra toda a gente tem a mania de lanchar, vá-se lá saber porquê!! Lancha-se… e depois janta-se.
E isso não é bom. Mais gorda, sim (ou menos magra, na verdade) mas da maneira certa. Acho que é tempo de comprar um frigorifico novo (que este é pequenito e com a comida da família não cabe lá muito mais) e recuperar os bons hábitos de alimentação: sopinha e fruta ao jantar. Carnes brancas e muitos, muitos legumes. Muita água. E sumos naturais e chá. Coca-cola não.
Razão tinha o mano que, volta e meia ao saber o que eu ia jantar, sussurrava à cunhada “mas porque é que ela está a fazer dieta?”
8 de outubro de 2010
Menos ais :)
A agulha no meu peito, a dor, a angustia da espera afastadas ontem, numa consulta em que eu estava muito nervosa, muito ansiosa mas também muito racional.
Pelo menos para já, neste novo cenário. Há uma possibilidade - não é remota, é real - de não ser preciso nada disso. De haver uma alternativa. Que, nesta fase, passa por um tratamento. Nada de muito complicado, um comprimido por dia durante alguns meses. Sem grandes efeitos secundários.
Depois, daqui a um tempo, reavaliamos. Fazemos novos exames, confirmamos a evolução. E só então, se necessário, picamos.
Vai correr bem, eu sei.
6 de outubro de 2010
Já não fiz 13 anos...
Que cheguei ao Porto numa noite fria e chuvosa com a cunhada atrasada para me ir buscar à estação de campanhã onde tive de esperar.
Na manhã seguinte, quilómetros a andar a pé carregada porque, numa avenida enorme (a maior do Porto), a indicação que tinha era que "é já ali em baixo". Pois era... se eu já não tivesse andado quase tanto desde o outro lado da rotunda.
Naquela manhã as "boas-vindas" foram a critica velada a quem estava a chegar mais tarde que o previsto. Não fui recebida com sorrisos, não me mostraram "a casa".
Só mais tarde, os "outros", quem chegou depois. Os que viriam a ser, e parte será para sempre, os "meus meninos".
No primeiro dos últimos dias da minha vida. Quase sempre felizes. E com "sol".
Apesar da chuva.
4 de outubro de 2010
***
Não se viam desde miúdos, colegas de liceu. Num tempo em que ela era uma "mana emprestada" muito protectora e presente. A namorada dele detestava-a e demorou muito tempo até aceitar que ele gostava dela por isso a rapariga lá devia ter alguma qualidade...
Nunca foram outra coisa que não "manos", quase inseparáveis. E a memória deles era de risos, sorrisos, confidências e horas de conversa sem o tempo passar. Antes, durante e depois dos namorados (dela), das namoradas (dele).
Por isso, quando se reencontraram foi fantástico! Que saudades! Tão bom!
O primeiro almoço, logo no dia seguinte, voou com tanta coisa para dizer, para contar, para falar. Ambos.
No segundo, poucos dias depois, só ele quase é que falava... e, reparou ela mais tarde, sempre dele, das coisas dele, sem olhar para ela.
No terceiro, as perguntas dela sobre a familia dele ficavam sempre sem resposta... e os silêncios pairavam quando não se falava da vida "pública" dele.
Então ela recuou. Deixou de atender o telefone, não respondeu a convites para almoçar. E ele percebeu, respeitou. Talvez sentisse o mesmo.
Ela estava cansada de equívocos. De situações dúbias. De viver a meias. A ter de acontecer seria com outro, e não ele, essa história.
palavra que eu não sei...
Até agora era tranquilo... lá havia um ou outro que me tratavam assim. E pronto, seja, tudo bem. Num ou outro caso até gosto e acho piada. Num caso em concreto sinto que me abraça quando me trata assim. E eu gosto muito dos "abraços" dele.
Mas é que é nos mails, é ao telefone, é a falar comigo!! "olá C**lita" ou "C**lota" ou "C**linha" e de repente já são quase todos!!! os de cá e os lá, os de perto e os de longe, os antigos e os recém-chegados!!
Logo eu que gosto tanto do meu nome :( E que não sou inha", "ita" e muito menos "ota"... Já diz o povo "se não os podes vencer, junta-te a eles". E a intenção é boa... e doce, eu sei. Raios!!
24 de setembro de 2010
A primeira noite de Outono...
Um cheiro que eu queria ter podido guardar dentro do bolso para os dias tristes e cinzentos, sem luz nem cheiros felizes.
Depois ficou assim. Um céu limpo e estrelado com uma lua linda, linda, linda! E a estrela, “aquela estrela” ali ao lado.23 de setembro de 2010
****
Que a dor, desilusão e tristeza pelo comportamento são grandes demais.
Disse: “não esperes que o faça porque não o farei. Prometo não dificultar mas também não facilitarei o processo”. Foi o que eu disse. E o que tinha feito até agora. Porque tudo tem limites. E há um momento em que, até eu, que me magoo com facilidade mas esqueço depressa e procuro ultrapassar, acho que já chega.
E já chegava. Como chegava. Tanto que chegava.
Mas hoje… hoje quebrei a minha jura.
Mandaram-me um mail a propósito de contas em atraso e eu…
“Aproveitando o mail… há outro assunto de que te queria falar. Não achas que já é tempo de atenuarmos este afastamento entre as duas famílias? Que já é tempo de voltarem a Lisboa para verem, por exemplo, o A e o T, e para nós te vermos a ti e às miúdas? Falo por mim e por elas: temos muitas saudades de todos vocês e este afastamento custa-nos muito.
Todos temos razões (nós e vocês) para estar magoados. Todos temos razão e estamos enganados em coisas diferentes. E há, sem dúvida, muita mágoa com algumas atitudes de ambas as partes que talvez tenham sido mal-entendidas. Mas a verdade é que a discussão de Janeiro, e o afastamento consequente, se prolongou, talvez se tenha até aprofundado, não sei, e de repente já se passou quase um ano. E não devia ser assim.
Pode nunca mais vir a ser a mesma coisa, podemos nunca mais vir a ter o mesmo tipo de entendimento e até mesmo cumplicidade que achei que tínhamos (e agora falo concretamente de mim e de vocês) um dia, mas não temos de permanecer necessariamente longe uns dos outros… não sei, talvez seja só uma ideia. Diz-me (digam-me) de vossa justiça.”
Porque mamãe sofre com a antecipação de um Natal que devia ser comum e pode não vir a ser. Porque tem saudades do filho e das netas. Porque os amo.
Quebrei a minha jura. E agora pronto, fico aqui à espera.
20 de setembro de 2010
14 de setembro de 2010
3 de setembro de 2010
Gosto mesmo muito de estar contigo!!!
De voltar a ser tagarela como se nunca tivessem acontecido 4 meses sem voz. De falar de coisas "estúpidas" e de "dores da alma". De podermos falar de tudo. De falar (muito) mas também ouvir (menos...) .
De concordares comigo. De discordares de mim. De concordar contigo. De discordar de ti.
De ver crescer devagarinho uma "criatura linda" que te deixa tão bonita e tão feliz. Que me deixa tão "babada" e tão feliz.
De ser sempre "tão pouco" o tempo destes quase 17 anos :)
PS - viste como eu sou "linda" de vez em quando, viste, viste, viste??? Podia ter só postado a ufpd relativa ao facto mas não, a "vosso" pedido... escrevi ;) Sou tãooooooooo "linda" de vez em quando, não sou? ;)
29 de agosto de 2010
28 de agosto de 2010
27 de agosto de 2010
26 de agosto de 2010
25 de agosto de 2010
Hoje abraçaram-me...
E foi tão bom, há tanto tanto que não me diziam isso. Que não me abraçavam assim. Obrigada. Pelo abraço. E pelas saudades.
Eu também, eu também tenho tantas saudades tuas e desse abraço...
24 de agosto de 2010
23 de agosto de 2010
20 de agosto de 2010
A pedido de várias familias...
No dia em que passam 6 meses sobre o regresso a casa, com uma ou outra "omissão" por razões que certamente compreenderão, aqui têm o mail de despedida aos "meus meninos":
Ao longo deste 12 anos pensei muitas vezes como seria quando chegasse "a minha vez"... o meu mail de "despedida". O que escreveria neste mail.
Dou por mim a relembrar outros mails. Recebemos muitos ao longo destes anos.
Desde "poemas anti-eva", até uma única frase. Tivemos de tudo. Incluindo quem tivesse ido embora sem dizer adeus. Por opção ou por falta dela.
Em Abril do ano passado fiz 15 anos de (...) e desses 15, 12 e uns pozinhos foram passados aqui. No (...).
Não lamentei nem por um momento a escolha que fiz. Nunca me arrependi. Mesmo nos momentos mais complicados. Faria tudo outra vez. E quero que o saibam.
Mas a vida tem ciclos e este, para mim, parece ter terminado. Estou de volta a casa. De volta à minha Lisboa.
Como, a partir de dado momento, todos, ou quase todos, sabíamos que o faria. Mais cedo ou mais tarde.
Mas quero que saibam que gosto muito, muito, muito de todos e de cada um de vocês, que vou ter muitas saudades vossas e que fui, quase sempre, muito feliz aqui. Também por vossa causa. Principalmente por vossa causa. Não fossem vocês e este regresso há muito teria acontecido.
Não sei se é um "até já" ou "até sempre". Mesmo que eu me mude, de facto, ali para o lado e continue "por perto". Não são 300 kms que afastam alguém, não é a mesa do lado que os aproxima.
Obrigada por me terem deixado "entrar". Uma "moura" entre "tripeiros" :).
Pelas conversas. Pelas "discussões". Pela paciência. Pela "impaciência". Pelo riso. E até, nalguns casos, por terem partilhado as lágrimas e os silêncios do luto e de quatro meses sem voz.
Serão sempre "os meus meninos" e por isso não se livram de mim com essa "facilidade" toda.
Vemo-nos por aí ;)
19 de agosto de 2010
Socorrooooooooooooo!!!
São quase 9 da manhã e desde as 7.50 que a mulher não se cala!!! Começo a ficar desesperada! Daqui a nada grito!!! Juro que grito!
Está sempre “tatata, tatatata, tatatat…..”” E porque é o tempo, e a gata, e o cão e o piriquito, e as férias, e o namorado, e a mãe e a máquina do café!!!! Aiiiiiiiiiii, que os deuses me perdoem, adoro-a mas eu já não a consigo ouvir :( É que não pára!!! Até a voz começa a irritar-me :(
Eu, que perdi parte da alegria que o provocava, estou muito menos tagarela do que já fui um dia mas… céus!!! Será que eu ALGUMA vez fui assim???? Espero sinceramente que não… mas receio bem que sim… meus POBRES queridos!!! O que vocês tinham de aturar logo pela manhã!! :(
E agora, que a idade, algumas "maldades" e os 4 meses sem voz me tornaram levemente triste e silenciosa, falo menos mas vocês já não estão por perto para usufruir do silêncio…
17 de agosto de 2010
Esqueçam lá isso, ok?
Mas preocupou. Eu às vezes esqueço-me que me lêem… escrevo para mim e depois é o que dá. Se não fosse a minha “jura de bêbado” apagava-os já, sem hesitações. Podia ser que ainda não me tivessem lido :)
Não vá ter preocupado mais alguém que não se tenha manifestado por outras vias, aqui fica: está tudo bem, não se preocupem.
A sério :)
13 de agosto de 2010
Não quero :(
Pode não ser preciso... mas está a crescer e doi um bocado. E corre o risco de inflamar e, o que foi mesmo que ela disse??, "rebentar"??? Arrrghhhhh!!! Por isso se calhar é melhor começar a pensar no assunto... vamos lá ver o que a Dra diz quando for a consulta...
Mas não gosto :( Não quero mais agulhas a entrar por aqui adentro... não quero! Não gosto! Vou amuar... :(
12 de agosto de 2010
Eu tento portar-me bem…
Mas podem crer que se não fosse o medo ainda maior que o facto de não ir lá agrave eventual descoberta e tratamento da "situação", eu amanhã ficava quietinha no meu canto, não deixava ninguém andar aqui a cuscar e deixava isto quieto sem lhe mexer. Ah pois que deixava!
Só que depois lembro-me de um certo mês de Março/ Abril e... pronto, está bem, eu vou!!
Ainda para mais com a memória de alguns casos tão próximos, ninguém no seu estado normal correria riscos, não é? Mas lá que custa que se farta, não duvidem :(
Ai que angústia…!!! Rai’s parta!!
10 de agosto de 2010
O regresso a casa
No que diz respeito a Lisboa, não precisei de adaptação nenhuma (tudo bem que foram 12 anos e meio fora, mas com vindas a Lisboa, pelo menos, uma vez por mês. Já para não falar das ferias e meses atípicos. Não foram propriamente semanas, meses, anos sem cá vir…).
Já a adaptação ao resto (empresa, colegas) é bem mais complicada. Bem pior… aí sim, foi muito tempo fora.
Mas vai melhorando, devagarinho, todos os dias… apesar da imensa desilusão com o chefe e a função que não são nada do que me tinha sido “acenado” aquando da mudança. Melhores dias virão.
E não, não tenho saudades do Porto. Nem da cidade nem de quase ninguém. Das viagens então… ufaaaaa!!! Acabaram finalmente!!! As “honrosas excepções” são exactamente isso. “Honrosas excepções”.
Ou talvez seja a forma como o meu “coraçãozito trengo” se defende para não sentir a falta de quem não sente a minha. Dos mails, mensagens e telefonemas que não chegam. Deste afecto em “sentido único”. Porque depois sonho com vocês e acordo com a sensação de perda, não é?
Mas tenho saudades da minha casa. E da minha rua. Mesmo sendo a actual, muito “querida”. Ainda mais pequenina. Como uma casinha de brincar. Amo viver ali! Tão perto de tudo e com os meus afectos ali ao lado.
Eu sempre disse que se pudesse trazer o meu “cantinho de Porto” para Lisboa já tinha voltado para casa há mais tempo… é do meu “cantinho” que ainda sinto a falta. Que saudades da minha varanda!! E do meu “pequeno jardim”!!! Das manhãs a ler na varanda ao sol enquanto tomava a o pequeno-almoço…
E sim, no regresso a Lisboa também não foi tudo exactamente como esperado. Nunca é, pois não?
Os “amigos” que “ao longe” pareciam mais próximos, mais presentes, mais saudosos, E que continuam tão distantes como antes ou até mais.
Mas também já aconteceu o contrário. Almoços adiados durante 3 anos, por exemplo, e que finalmente pudemos combinar :)
Em jeito de balanço, quase 6 meses depois, sim.
5 de agosto de 2010
Esta noite sonhei com vocês
E estava lá ele mas agora namorava com Y e Y não queria que viesse falar comigo, não deixava. E abraçava-o e beijava-o para o agarrar para o prender ali. E ele dizia “mas eu quero ir falar com ela”. E era muito estranho porque eu não percebia como é que eu e Y, que em tempos fomos amigas e próximas, nos tínhamos tornado tão distantes e estranhas. E tinha pena.
Mas mesmo assim era bom, o sonho era bom e eu estava feliz por estar de volta. No sonho eu pensava “estou de volta, que bom”. Mas de repente percebi, ainda no sonho, segundos antes de acordar “não, não podes voltar. Eles já não estão aqui, foram para Sto Tirso e para lá tu não podes ir”.
Acordei de repente. Triste, angustiada, quase em lágrimas, com uma imensa sensação de perda por já não haver um lugar, uma equipa para onde voltar.
Tenho saudades vossas. Não sabia, mas tenho. Não de todos, não de tudo. Talvez nem mesmo dos últimos dois anos. Mas tenho saudades do tempo em que éramos uma equipa. “A” equipa. De sentir que fazia parte e era valorizado o que eu fazia.
De conhecer as pessoas e saber os seu nomes. De fazer parte. E é isso, mais que qualquer outra coisa, que nos faz felizes.
30 de julho de 2010
O António Feio morreu
De alguém que acreditou e teve esperança e lutou até ao fim. Com um sorriso e o partilhar da esperança.
E fica o riso, o eterno riso dele, pois claro...
28 de julho de 2010
27 de julho de 2010
23 de julho de 2010
Há um ano, eu estava aqui...
Precisava de paz, calor, sol e, principalmente, silêncio! Tanto silêncio que nem portátil ou telemóvel levei. Voltei aos tempos de miúda em que ligava para casa da cabine quando chegava ao local e a meio das férias para dar noticias.
Nunca tinha ouvido falar neste lugar. Ou pelo menos nunca lhe tinha prestado atenção suficiente para reter na memória.
Pequeno-almoço na varanda, manhãs cedo na praia, almoços na esplanada e tardes, quase todas, na piscina (porque estava demasiado vento para conseguir estar na praia). Uma tarde a passear, de autocarro e a pé. Pelas ruas e ruelas. Pelo castelo. Jantares frugais, sem cozinhados elaborados. Muita fruta, muitas saladas. Muita leitura, muita música e longos banhos de mar. E fotos. Para mais tarde recordar (um auto-retrato tirado aqui é, até hoje, uma das minhas fotos preferidas “de mim” – embora quase ninguém goste dela LOL).
Houve momentos de alguma solidão, não nego, até porque eram tempos conturbados ao nível emocional, mas foi muito bom! Adorei o lugar e, se tudo correr bem, voltarei em breve para mais uns dias de sol, calor e paz :)
Há um ano, eu estava aqui.
Pequenas coisas que não interessam a ninguém…
Não é nada de especial, é só uma aliança, em prata, sem nenhum nhó-nhó. Mas foi a mana que ma deu. Há um milhão de anos. E eu andava sempre com ela e hoje perdi-a. Não sei onde, não sei como. Acho que me caiu simplesmente do dedo e eu nem dei por isso. E não sendo um grande drama é chato que se farta!! Porque eu nunca ando com anéis. Até tenho dois ou três (e há um que adoro, parece um rebuçado e fica a matar com o meu vestido das cerejas) mas é raro lembrar-me de os usar (como é que eu posso andar de mãos nos bolsos se tiver anéis??) mas aquele usava sempre. Religiosamente. Todos os dias. Era a primeira coisa que tirava quando chegava a casa – o anel e o relógio – mas punha-o de novo todas as manhãs. E trocava de dedos e de mãos. Mas usava. E agora perdi-o. E é chato que se farta!
… acho que estou mais magra. Acho. Não tenho a certeza porque nem sequer me dou ao trabalho de me pesar para não ficar deprimida mas… palpita-me. E isso chateia-me profundamente! Porque eu até ando tão bonitinha!! A almoçar e a jantar todos os dias. E a tomar o pequeno-almoço e a lanchar… vejam lá que até como a meio da manhã!!! E emagreci??? Mas como é possível???? Andei aí umas semanas meio parvas, confere, em que me esquecia de jantar e andava meio tristonha e não tinha fome por isso não almoçava… mas agora??? Que eu ando tão linda??? Que eu voltei a ter uma alimentação regular e mais equilibrada??? Claro que… beber 2 ou mais litros de água por dia é capaz de não ajudar muito quem não quer emagrecer, não é? Vai na volta… é capaz de ser por aí: fico toda saudável, com uma pele toda linda e hidratada (já que para as rugas não há volta a dar) mas emagreço. Buáaaaaaaaaaa!!! Não é justooooooooo!!!! Não queroooooo!!! Vou amuar :(
… se há coisa que me irrita, é que não respondam às minhas mensagens e/ ou aos meus mails!!
É que é mesmo coisa para me chatear, para me deixar triste!! Acho uma falta de respeito, uma falta de consideração, uma falta de ternura!!! Nem que seja uma ou duas palavras, um :), (apre!!!, é assim tão difícil????).
Já não peço (embora gostasse, confere) que me escrevam mensagens que em vez se 160 caracteres têm 10x mais, ou mails que são verdadeiros “testamentos” como os que eu mando volta e meia mas, pelo menos, respondam-me! Vem isto a propósito de um amigo meu que parece que teve um acidente de mota e partiu o braço em 4 sítios. Acontece que ele é enorme, pesa quase 200 kilos e eu imagino aquilo tudo a cair da mota e ponho-me logo a pensar que ele não deve estar lá em muito bom estado… eu soube pelo facebook porque ele escreveu isso no mural e fiquei preocupada por isso mandei-lhe mensagem, claro (e ele odeia mensagens, como não podia deixar de ser – vocês não sabem mas é a “história da minha vida”! Todos odeiam sms!!). Como é, infelizmente, óbvio tratando-se dele, não me respondeu. Vai daí, mandei mensagem pelo Facebook já que assumi “se pode escrever no mural, também pode responder”. Pois claro que não, não é verdade??? Eu tenho cada uma!! Mas deve estar bom porque continua a escrever no Mural e parece todo satisfeito. At the end of the day… é isso que importa. Mas, no que me diz respeito, ele bem pode esperar sentado que eu volte a dar uma notícia que seja :p Humpfff!!
… a minha mãe partiu a cabeça, acham normal??? Uma rapariga quase com 60 anos, avó de 4 netos, com idade para ter juízo e anda para aí a empoleirar-se e parte a cabeça??? Logo mamãe que nem em miúda a tinha partido?? Tudo porque resolveu empoleirar-se na estrutura de um banco (sim, porque para ser realmente um banco era preciso que tivesse… parte de cima) para pendurar mais um anjinho na parede e escorregou. Vai daí, o anjinho que estava a tentar pendurar, caiu-lhe em cima (ainda bem que era de plástico e não muito grande! Já imaginaram se tivesse sido um daqueles anjinhos barrocos em gesso ou em barro?) e partiu-lhe a cabeça. Nada de grave, felizmente. Nem um pontito, uma ida ao hospital… nada. “Só” o susto, os netos assustados de ver assim a avó a cair desamparada no chão, sem sequer se levantar para ligar ao genro (que felizmente trabalha ali ao lado e veio logo a correr), com o sangue a escorrer e sem se mexer. Não pela gravidade (que felizmente não teve) mas pelo susto. Ai estas avós sem juízo!! Hoje está toda dorida, claro! Mas pode ser que lhe sirva de lição e passe a ter mais juízo :p
… eu sou muito tagarela, já se sabe, e sempre achei que a partir do momento em que me levanto estou acordada e pronto! O dia já começou, toca de me mexer e falar e rir e essas coisas todas (tinha um “amigo” nos escoteiros que não percebia como é que alguém podia acordar logo a rir em vez de ficar meia-hora a resmungar por ter acordado e a minha resposta era “como é que alguém consegue NÃO acordar a rir”?) mas agora percebo, finalmente, que não é fácil… porque, de vez em quando, também eu, tagarelita por natureza e feitio, preciso de silêncio pela manhã e actualmente tenho uma colega que é um doce, uma querida mas que, só aqui entre nós que ninguém nos ouve, me cansa logo de manhã :( é que eu ainda mal cheguei, mal me sentei, mal liguei o pc e já ela está blá, blá, blá, blá, blá… e, a parte pior, é que espera que eu olhe para ela e responda. Se não respondo, se não sorrio, começa logo “tu hoje não estás bem, tu hoje não falas, tu hoje estás cheia daquelas coisas más…” Arrrrghhhhhhhh!!! Não, eu hoje não estou nada disso. Está tudo bem, tudo tranquilo. Só não me apetece falar. Volta e meia, estou a anos luz dali… a respirar fundo e começar o dia… devagarinho. Só de vez em quando… pode ser?
E pronto, é isto. Assim de repente :)
19 de julho de 2010
E depois há aqueles dias...
Partimos sem bagagem e sem destino. Sem data de regresso e sem telemóvel. Só nós. Sem pressa.
Até onde os nossos pés e os caminhos nos levarem. Sem tempo ou memória.
Há dias assim. Hoje é um desses dias...
16 de julho de 2010
A "Tia Preta"
Tia preta
Ontem recebi um telefonema e, do outro lado, uma voz quebrada disse:- Olá, daqui é a tia preta!Fiquei contente por a ouvir mas, logo depois, entristeci. Entristeci muito. A tia preta, que lutava há anos contra um cancro na mama, ligou-me para informar que, agora, apareceu-lhe um cancro na cabeça, inoperável. E falou, pela primeira vez, num tom que, sem ser de despedida, era. Doeu-me fundo.A tia preta não merecia. Não ela. Não sabem que é? Deixo um texto que escrevi sobre ela, para as Selecções do Reader's Digest. A tia preta é boa. Tem um coração enorme. E é completamente estúpido e inútil que morra, assim. Para mim, ela é mais uma das provas de que estamos, sobretudo, nas mãos da sorte. E ela não tem tido sorte. Hoje estou triste. E ainda com mais medo do que a sorte me/nos reserva. Infelizmente, não basta ser bom para se ser recompensado.
«Tia, vou à cozinha comer cereais, está bem?». Lizete Baessa ainda não tinha acabado de dizer que sim, «claro meu querido», quando outra voz atropelou a primeira: «Tia, ela não me deixa brincar…». A tia não perde tempo e apressa-se a chamar Lara: «Então? Porque é que não brincas com o Polho?». Lara explica que o miúdo, minúsculo e com ar de reguila, quer ficar com os brinquedos todos. Lizete admoesta o pequeno, pede que façam as pazes, «Vá, vão lá brincar juntos, vá», e claro que nisto um outro pedido se sobrepõe: «Tia, desculpe interromper… Vou só ali ao escritório buscar baunilha, está bem?» E ainda a tia preta ensaiava um «claro, meu amor» quando uma nova súplica se escutou: «Tia…»Lizete Baessa tem 57 anos e no seu bairro, em Chelas, ela é a «tia preta». Todos a conhecem assim, todos são seus sobrinhos. A sua casa, o seu T2, que comprou à Câmara Municipal, não é sua, na verdade. É de todos os que queiram entrar. Mas não é só entrar. Não é só entrada por saída. A sua casa está aberta para tudo o que se queira. As crianças são livres de chegar de manhã, de tarde, de noite. De comer, tomar banho, ver televisão, fazer os trabalhos de casa, passar a noite. As crianças podem ter mãe e pai mas são, todas elas, os seus meninos. «São os meus meninos, sim. A partir do momento em que entram em minha casa, os miúdos são meus. Os filhos são deles, dos pais deles, mas os miúdos são meus.»A tia preta vive há 15 anos no bairro de Chelas. Uma zona degradada onde os problemas sociais gritam em cada porta, em cada janela, em cada família. Lizete chegou há 15 anos e não tardou a fazer amigos. Um rapaz ajudou-a a montar a mobília, ela em troca oferecia-lhe comida. Daí a conhecer a irmã foi um instante. E a irmã tinha um bebé de um ano, o Pipo, a quem de imediato ganhou afeição. «Dá-me o teu menino», dizia Lizete à mãe, com o sorriso grande que é a sua marca. Certo é que o Pipo começou a frequentar a casa como quem frequenta a creche. Todos os dias. E depois dele, a irmã, Liliana. E por arrasto os outros, do prédio, das casas do lado, das ruas de trás. Pipo tem hoje 15 anos. Continua a entrar na casa da tia preta como quem chega ao seu próprio lar. Ele, a irmã, e todos os miúdos que se sentem ali melhor do que na casa onde vivem os familiares.E, no entanto, não é bem como quem entra na sua própria casa. Muitos destes miúdos têm tudo para ser problemáticos. Muitos deles nasceram e vivem em famílias disfuncionais. Muitos terão comportamentos agressivos, muitos poderão ser revoltados, muitos serão como um pé-de-vento nas suas casas. Mas nada disso se nota, nada disso se sente na casa da tia preta. Ali há um respeito que é raro. Todos, dos dois aos 17 anos, pedem «por favor», todos dizem «obrigado», «com licença», ninguém levanta a voz. Se a tia preta diz não, é não. Se a tia preta diz sim, é sim. Naquela casa, têm todos uma educação tão esmerada que parecem fazer parte da mais nobre das famílias. O respeito nota-se até no modo como olham Lizete, um misto de ternura, gratidão e deferência. «Aqui há regras. Eles respeitam-nas e não é preciso muito. Todos sabem o que fazer, todos sabem como funciona a casa, todos ajudam, como numa família. Claro que às vezes me zango. Tenho ali a ‘sete e quinhentos’ para me ajudar, e o banco do mocho. Qual é a casa onde uma mãe não se zanga com os seus meninos?» A «sete e quinhentos» é uma colher de pau que, apesar de nunca ter tido uso, serve de ameaça séria sempre que alguém foge da linha. O «banco do mocho» é uma pedra que existe à porta de casa, para onde vai quem se porta mal e tem de ir pensar na vida.A partir das cinco da tarde e até à uma da manhã, a casa de Lizete Baessa é uma verdadeira instituição. Os miúdos começam a chegar da escola e vão ficando. Uns lancham, fazem os deveres e vão embora, outros jantam, outros ficam para dormir. Nunca se sabe. Às vezes, também vêm almoçar. «Ligam da escola a dizer que não gostam do almoço. Perguntam se podem vir comer umas salsichas. Claro que podem. Há sempre comida para mais um.» Para tudo isto, Lizete não conta senão consigo. E com a ajuda de quem, de repente, se lembra dela e da sua «obra» e lhe traz arroz, açúcar, massa, salsichas, atum. De resto, é ela quem gere a casa e os seus meninos. Tudo o que ganha vai para esta família alargada. E a vida, ainda por cima, não quis ser meiga para com ela.Há quatro anos, esta ex-secretária teve de deixar de trabalhar porque teve de ser operada a uns pólipos que lhe apareceram nos intestinos. Ela não sabe se era o corpo a dar o aviso para algo pior. A verdade é que, dois anos depois, estava no duche, a cantar, como sempre, e de repente calou-se. E assim ficou, calada, com três mamas em vez de duas. Lizete soube imediatamente. «Pensei: estou feita. Percebi logo. Fui à médica de família no dia seguinte de manhã. E passado muito pouco tempo estava no IPO [Instituto Português de Oncologia]. Fui muito bem tratada. O meu carcinoma no peito media 7 centímetros. Estive um ano a fazer sessões de quimioterapia, para o reduzir. Depois fui operada, fiz 36 sessões de radioterapia, e agora continuo com a quimio, duas vezes por mês. Vamos ver… Está estável.»Quando chegou ao IPO só pediu que não lhe escondessem nada: «Disse: senhor doutor, eu vivo sozinha numa casa cheia de crianças. Preciso de saber o que vai ser de mim, para os poder reunir e explicar.» E assim foi. Nesse dia, há dois anos, reuniu os seus meninos. E colheu reacções fabulosas. A reacção que mais a comoveu foi a dos que fugiram: «Houve um grupo que desapareceu. Disseram: ‘A tia vai morrer. Vamos ficar sem a tia’. E não quiseram esperar para ver. Não quiseram assistir a esse abandono. Foi o modo que tiveram de negar mais um sofrimento, mais uma perda nas suas vidas. Fugiram. Negaram-se a serem deixados. Comoveu-me isto. Mas eu cá continuo! E tenciono continuar!»Continua e garante que são os seus meninos quem lhe dá força. «Acho que se não os tivesse não estaria aqui, cheia de energia, como se isto do cancro não fosse nada comigo. No dia em que vim do hospital, eles encheram-me a casa, como sempre, e não me deixaram ir à cama. Eles não me deixam parar, sabe minha querida? São a minha alegria. São a minha vida.»Na casa do lado, vive Pedro. O tio Pedro. É ele que a apoia. É ele quem entra, enquanto a conversa decorre (interrompida mil vezes pela palavra «tia» suplicada por uma voz infantil), para levar roupa para secar. Roupa dos meninos, claro, que ali – como em qualquer casa onde vivem crianças – também se trata das roupas. «Dantes, quando eu tinha loiça em vidro, eles às vezes partiam um prato, um copo. E lá iam a correr bater à porta do tio Pedro para pedir que lhes arranjasse um prato dos seus, um copo dos seus, para eu não me zangar. Coitado! O desgraçado ficou sem serviço. E eu aprendi a lição: agora tenho um serviço de plástico! Mas acredita que também se parte?»O tio Pedro tem a chave da casa da tia preta. As regras estão definidas. A tia sai e deixa a chave na porta ao lado. Quem chegar primeiro (ela ou uma das muitas crianças) apanha a chave e entra em casa. Às vezes é Lizete quem chega primeiro, outras vezes quando entra já lá está um, dois, dez, vinte. «No Verão chegamos a ser 25 à mesa. Faço uma grande tachada de frango frito ou salada russa. E comemos. E somos felizes. Eles falam comigo sobre tudo o que querem. Às vezes dizem: ‘Tia, preciso falar-lhe’. E eu só pergunto: ‘A sós ou falamos aqui todos?’ E às vezes eles dizem: ‘Hoje é só com a tia’. E eu oiço, dou conselhos, carinho… o que eles precisam. Sobre os pais não sei nada. Não quero saber. Não sei se ganham 100, 200, não sei nem me interessa se ganham mais do que eu. A mim interessam-me os miúdos. É por eles que eu quero fazer alguma coisa. É a eles que eu quero deitar a mão. Segurar. Ter em casa, debaixo de olho.» A verdade é que ali estão entre iguais. A verdade é que ali têm regras. Têm alguém que lhes pergunta pela escola, pelos trabalhos de casa, pelos testes. Alguém que puxa as orelhas na hora certa. E aplaude quando deve de ser. Alguém que dá comida e colo e limpa o rabo. «Só gostava de ter uma casa maior, para receber mais meninos, ou os mesmos mas com outras condições. E, claro, se pudesse ter mais vezes carne e peixe para lhes dar…». Lizete não tem ajudas. Ou tem, pouquinhas. «Ainda agora fui fazer um contrato com a EPAL… recebi uma factura muito alta para pagar e tive de combinar um pagamento a prestações…», sorri. «O que é que eu hei-de fazer, minha querida? O que é que eu hei-de fazer?»Fábio tem 16 anos e já perdeu a conta aos anos que frequenta a casa da tia preta. «Essa tia é uma senhora exemplar. Porque nos acolheu, porque nos acolhe, porque nos dá a mão. Porque não nos deixa ficar mal, e podemos contar sempre com ela.» Com ela, com o seu colo, com o seu sorriso. Lizete Baessa é a tia preta. É a mãe (ela que nunca foi mãe de verdade, no sentido de transportar um bebé no ventre), é o pai, é a família que muitos não têm. E que outros têm, mas que só debaixo da sua asa parecem encontrar a paz para poderem aprender a voar.
**Este texto foi publicado na revista Selecções do Reader's Digeste
Hoje, estes:
Ajudar a tia preta
Liguei-lhe agora. Disse-lhe:- Tia preta... tenho aqui uma série de pessoas que a querem ajudar. Do que precisa?- Ah... Carne e peixe. De carne e peixe preciso muito.- É? E mais?- Azeite e leite.- Ok. E para si, tia? - Saúde, que é o que não tenho.- Oh, tia preta, mas saúde eu não lhe posso dar, infelizmente. Há algum miminho, alguma coisa que gostasse, que se soubesse bem?- Umas cerejinhas. Poucas, para não se estragarem.Hoje ainda vou levar umas cerejinhas à querida tia preta. E carne, também.Quanto a vocês, se quiserem conribuir com carne, peixe, azeite e leite... acho que ela ficava muito feliz. Porque os seus meninos são a sua razão de viver, e ela agora precisa ainda mais de se agarrar a eles (e eles a ela).P.S: Quem quiser enviar, mande-me um email, que eu depois explico como havemos de fazer.P.S2: Espalhem a palavra, se quiserem, nos vossos blogues. Vamos animar esta mulher única!
A morada da tia preta
Fui vê-la. Estava deitada, inchada e a roer uma maçaroca. Levei-lhe as cerejas. Enquanto conversávamos, a tia preta não descurava os "seus" meninos: - Quem é que está a falar com a boca cheia?- Sou eu, tia, desculpe.E, daí a mais um bocado:- Que barulho foi este?- Fui eu com a cadeira, tia, desculpe.Como sempre, os meninos de Chelas, alguns com histórias de vida tão duras, ali não faltam ao respeito. Sabem agradecer a quem tão bem lhes faz. A tia preta estava bem disposta. Perguntei-lhe como se sentia, se estava revoltada. Soube do cancro na cabeça 1 mês exacto depois de ter tido alta de uma longa luta contra um carcinoma na mama. Estava curada. Só tinha de ir à consulta um ano depois. E afinal, 1 mês depois, um tumor inoperável na cabeça. Ela olhou-me e disse:- Não estou revoltada. Nada, nada. É que nem penso nisso. Quero é ficar boa! Eu sei que todos temos de morrer. Uns mais cedo, outros mais tarde. Quando chegar a minha vez, que vá com calminha... - e sorriu um sorriso grande.Minha gente, é assim. A tia preta precisa de feijão catarino, de cereais, de azeite e leite (muito). Precisa de carne e de peixe (muito). Tem duas arcas congeladoras, para guardar tudo. E despensa. Quando lhe perguntei "E se vem muita gente e depois não tem como dar vazão?", ela sorriu: "Eles devoram tudo..."Diz que também criou uma associação, entretanto, e que me vai dar o nib. Mas, sempre muito séria, avisou: "Estou aqui há 16 anos. Sempre vivi e ajudei esta gente toda com o meu dinheiro e com as coisas que me iam dando. Não era agora que ia usurpar esse dinheiro que me dão. É todo para eles, para lhes comprar coisas a eles." Tão linda.A morada para onde podem enviar as coisas ou onde as podem entregar pessoalmente (se for carne e/ou peixe ou se tiverem vontade de a conhecer) é:Rua Ricardo Ornelas, 375, R/C dto.Bairro da FlamengaChelas.1950-331 LisboaIsto fica perto do parque da Bela Vista, onde se realiza o Rock in Rio. Procurem no Google Maps e depois é perguntar na rua, que toda a gente a conhece.A tia está sempre em casa, a porta está sempre aberta. Se estiver fechada, há sempre o tio Pedro, que vive na porta em frente, e que a ajuda há anos. É um querido, também. A tia gosta de receber gente, fica feliz. Sintam-se à vontade.Eu podia fazer um cartão continente ou uma coisa dessas. Mas só a hipótese de alguém poder pensar que eu ficava com dinheiros ou isso fez-me desistir da ideia. Obrigada. Muito obrigada.
EM BREVE DOU O NIB DA ASSOCIAÇÃO DA TIA PRETA. PODEM SOSSEGAR. ELA É TÃO HONESTA QUE O VOSSO DINHEIRO SERÁ BEM EMPREGUE PARA OS SEUS MENINOS, SUA ÚNICA PREOCUPAÇÃO.
In: http://coconafralda.blogspot.com/
Eu não conheço a "Tia preta" mas parece-me uma pessoa linda e uma mulher admirável!!
Se eu tivesse esta generosidade e este sentido de entrega, queria ser uma "tia" assim. Mas não sou, não consigo.
Por isso divulgo a história desta mulher admirável. Se quiserem ajudar :)
Miguel Torga
14 de julho de 2010
O meu amor pequenino…
Mas enche o meu coração de calor e ternura. Quando chego, abre um sorriso de orelha a orelha, faz “olhinhos bonitos”, pede colo, abraça-me da maneira doce que só os bebés têm de abraçar e enche-me de beijos. Beijos bons. De bebé.
A semana passada, talvez porque me tinha visto menos do que tem acontecido ultimamente, quando íamos na rua agarrava-me na mão e dava beijinhos nela, muito encostadinho a mim. E, no elevador, abraçava a minha perna com os dois braços, encostava a cara e ria-se.
O meu amor pequenino deixa esta tia a sentir-se muito, muito amada e muito, muito, muito feliz.
9 de julho de 2010
:)
Tenho um amigo que é assim.
Passam-se anos sem o ver, sem o ouvir.
Quase só “falamos” por mail. Pouco, muito pouco. E por aqui.
Muito de vez em quando, quase raramente, vemo-nos. Num almoço ou num jantar (mais raro ainda).
Nesta nossa tão unilateral “conversa”, os meus “silêncios de escrita” deixam-no levemente apreensivo, quase preocupado. Parece achar que o meu “silêncio” não é um bom sinal.Mas provoca-me sempre um sorriso. De mim para mim. E uma onda de ternura.
O mundo podia ter girado ao contrário. E tudo seria diferente. Mas não foi. E é bom, muito bom, estares aí :)
7 de julho de 2010
sete do sete
Porque eu vou apaixonar-me pela ideia. Por te saber assim, apaixonado por mim.
E depois, devagarinho, mesmo que não seja verdade e rapidamente o percebas e desistas de mim, é por ti, e já não pela ideia, que me terei apaixonado entretanto.
E não quero e não posso. Não assim.
Estou demasiado frágil, demasiado carente, demasiado vulnerável, demasiado “em perigo” para ser “amada” por tão pouco tempo. O coração ainda está muito “amachucado” por este amor em sentido único. Por este amor não retribuído.
Sou apenas uma rapariga do outro lado da rua. Por quem ainda a atravessas para cumprimentar. A quem ainda sorris quando encontras.
Mas se acontecer, um dia, não muito longe daqui, verás, vou passar a ser alguém que não vês mesmo que passe ao teu lado. Alguém de quem desvias o olhar porque não é suposto sorrir-me.
6 de julho de 2010
2 de julho de 2010
Porque será…
Será que já não se pode ser uma mulher livre, independente e senhora do seu narizito arrebitado, sem ter de haver uma relação amorosa a determinar as nossas escolhas???
Quando fui viver para o Porto, tinha meio mundo a achar que tinha casado ou ia casar, e outro meio mundo a achar que o namorado era de lá e por isso eu tinha ido viver no Porto (para “ficar mais perto”).
Agora que voltei para casa, descobri que uma das coisas que se diz por lá é que eu vim viver com o namorado e por isso é que voltei para Lisboa…
E como é que eu descobri que são estes os boatos a norte?
Porque a propósito de uma conversa sobre a dificuldade de pagar as duas casas sozinha com uma das minhas “ex-meninas”, ouço a pergunta “surpreendida” - “mas a de Lisboa tu também pagas sozinha? Não estás a viver com o teu namorado? Disseram-me que era por isso que te tinhas vindo embora!”. Queres ver que também tenho filhos e não sei????
Ser a minha terra, lugar dos meus afectos e saudades, não seria razão suficiente? Parece que não, parecem ser “razões menores”…
Desculpem lá se vos estrago o filme que fizeram a propósito do meu regresso a casa mas até estou a viver sozinha e é nesse feliz estado que pretendo continuar. Deixem lá o namoradito na casa dele que eu fico na minha com a Dona Gata e estamos muito bem assim, pode ser?
Não é assim tão raro hoje em dia uma rapariga escolher viver sozinha, já lá vai o tempo!! Desde quando é que é um homem (ou um amor) a definir a nossa vida??
Eu sei que não é por mal mas que querem? Estes comentários irritam-me!! Haja paciência!!! (que como todos sabemos não é exactamente a maior das minhas virtudes :p )
Vai na volta um dia destes tenho uma paixão (retribuída, espero! Por uma vez, era capaz de ter piada…) mas, dizia eu, um dia destes tenho uma paixão assolapada por um menino qualquer no outro lado do mundo e lá vou eu de malas e bagagens!!! ;) toma lá que é para aprenderes a não ter a mania da “independência”! :p
1 de julho de 2010
O post que eu me esqueci de publicar… :(
É cinzenta, a luz do Porto. Está um dia lindo de sol e é cinzenta a luz.
Está frio aqui, mais frio que na minha Lisboa.
Terá sido sempre assim, a luz do Porto? Terá sido sempre assim e eu não vi, ou sou eu que não me lembro?
Serão estes quatro meses longe (sim, já se passaram 4 meses desde o dia em que fechei a porta) que me fazem olhar de novo este sol e estas ruas?
Gosto da “minha rua”, gosto da “minha casa” no Porto. Sempre gostei. Se pudesse, levava-os comigo para Lisboa (sempre o disse “se eu pudesse levar o meu cantinho de Porto para Lisboa, voltava já amanhã).
Não tenho saudades de estar aqui, mas sinto a falta desta casa e desta rua.
Da mercearia da Dona Silvia com o seu sorriso aberto e as cerejas que guardava “para o caso de a menina passar por cá”. Da drogaria do “meu amigo”. Da animação desta rua tão cheia de vida e esplanadas ao Sol (ainda que quase sempre tímido, do Porto).
Só cá estive 4 horas e mal parei no mesmo sítio (casa, médico, casa, almoço, casa, comboio) mas foi bom passar por aqui, parar para olhar em volta, viver a cidade.
Para perceber, ainda e sempre, onde quero realmente estar.
Vamos lá ver se nos entendemos....
Que é isso de andar meio-mundo a tentar "roubar-mas"???? Querem ver que que eu vou ter de me chatear???
Ai os meninos!! Ai, ai, ai!!!!!
30 de junho de 2010
Ah grande FIGO!!!
Que saudades dele, senhores!! E mai nada!!
Não vale a pena...
É que eu não vou MESMO falar "dele"!!! "Estrelinhas" que chegam de helicóptero a estágios? "Homens do jogo" sem mérito? "Capitães" que fogem na hora de dar a cara pela equipa e depois tentam remendar os "desabafos"???
Na, não vale a pena. não insistam. É que eu não vou MESMO falar "dele"!!! Humpffffff!!!
Eu nunca o tinha visto mais gordo…
E o melhor de tudo é que continuou simpático, humilde e disponível. Mesmo sem ser o “homem do jogo” de todas as vezes que o mereceu em vez de ser “só porque sim”.
Não “explode” quem quer. Só quem pode. E sabe.
Ainda a propósito do autocarro...
Eu que até participei na iniciativa , gostei tanto que a fotografei. Não é todos os dias que apanhamos o autocarro numa paragem assim ;)
Andar de autocarro...
Mas não fica por aqui…
Como se não fosse, enfim, diferente qb, um distinto cavalheiro tomou as dores da senhora mais velha e com um ar perfeitamente respeitável e achou que “filha-da-outra-senhora- trabalhadora” não era coisa que se chamasse a alguém e “quem perde a educação, perde a razão”. A senhora Afro-lusa (enorme e bastante aborrecida) toca de o mandar calar e ele “a senhora a mim não me cala” e uma coisa leva a outra ás tantas o cavalheiro é convidado a ir “lá para fora continuar a conversa”…
Não sei se chegou a aceitar tão amável convite (feliz ou (in)felizmente), saí na paragem seguinte mas têm de convir que monótono não foi!
Já viram o que eu tinha perdido se fosse de metro?? A ter de mudar de linha e andar a pé até chegar a casa de mamãe? Em menos 20 minutos do que o tempo que o autocarro levou? Sem este momento tão… peculiar? Seria uma pena, não é verdade?
Pelo sim pelo não, vou tentar lembrar-me disso mais vezes…
29 de junho de 2010
O Principezinho
Dele li o "Vôo nocturno" e o inevitável "Principezinho", que me foi oferecido por alguém de quem eu não gostava lá muito e que me achava um bocadinho "ouriço" com tantos "picos". Eu devia ter uns 14 ou 15 anos e não eram dias fáceis aqueles.
Tinha visto o filme em miúda, a um domingo de manhã enquanto os papás iam ás compras e as crianças podiam ficar sozinhas no cinema (nos tempos de que quase nenhum de vocês se lembra e o Caleidoscópio era um cinema no jardim do Campo Grande).
Não me lembro se gostei ou não do livro na época, mas foi, durante anos a fio, um livro a que regressei exaustivamente para pontuar um ou outro momento, uma ou outra dedicatória e (meus pobres seniores!!) muitas das cerimónias escotistas nos tempos do 146.
Do livro, mais que do filme que mal recordo, ficou-me para sempre o "Cativar"... somos responsáveis por aqueles que cativamos.
Nunca gostei da rosa (que achava mimada, estúpida e arrogante) mas a raposa seduziu-me desde o primeiro dia. (Curiosamente fui da patrulha Raposa quando aderi aos escoteiros. Devo ter achado piada a essa coincidência mas esses são tempos de má memória que prefiro manter no fundo do baú).
"Eu não tenho necessidade de ti. E tu não tens necessidade de mim. Mas, se tu me cativas, nós teremos necessidade um do outro. Serás para mim único no mundo e eu serei para ti, única no mundo... Tenho uma vida terrivelmente monótona... Mas se tu me cativares, a minha vida fica cheia se Sol. Estás a ver, ali adiante, aqueles campos de trigo? ... não me fazem lembrar de nada. É uma triste coisa! Mas os teus cabelos são da cor do ouro. Então quando eu estiver cativada por ti, vai ser maravilhoso! Como o trigo é dourado, há-de fazer-me lembrar de ti... - Só conhecemos as coisas que cativamos - disse a raposa.
(...)
E o que é preciso fazer? - Perguntou o principezinho.
- É preciso ter muita paciência. Primeiro, sentas-te um bocadinho afastado de mim, assim em cima da relva. Eu olho para ti pelo canto do olho e tu não dizes nada . A linguagem é uma fonte de mal-entendidos. Mas todos os dias te podes sentar mais perto... Se vieres sempre ás quatro horas, ás três já eu começo a ser feliz...
Foi assim que o principezinho cativou a raposa. E quando chegou a hora da despedida: - Ai! - exclamou a raposa - Ai que me vou pôr a chorar... ... Então não ganhaste nada com isso! - Ai isso é que ganhei! - disse a raposa. - Por causa da cor do trigo...
Depois acrescentou: - Anda vai ver outra vez as rosas. Vais perceber que a tua é única no mundo. "
27 de junho de 2010
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Sei o que o motiva. Sei porque razão sonho contigo.
Desde Março que não tenho noticias tuas. Chegaste e partiste sem me dirigir uma palavra que fosse. Nem a mim nem a ninguém, na verdade. Com excepção de mamãe que foi tão insistente antes e teve “direito”a um telefonema (seco e breve) quando chegaste. Embora não tenha tido o mesmo “direito” na tua partida.
Soube por vovó que foste 2 dias depois do previsto e que irias sem uma palavra porque estavas “alegadamente” muito magoado com a nossa ausência. O que não deixa de ser engraçado. Não que tenhas falado com vovó, claro. Devias estar demasiado… “ocupado” e foi a Sandra quem falou com ela. O que terá sido que vovó te fez…??? Ausente não esteve porque nem sequer tinha sido convidada, não é? Ou será que foi e não percebeu?
Não te reconheço direito e razão e sei que se as circunstancias fossem outras, se ainda precisasses de alguma de nós, estarias aqui.
Porque em Setembro não houve ausências de ninguém e tu partiste sem uma palavra, sem dizer adeus. Não de mim, que te impus estupidamente a presença naquele fim de tarde no aeroporto, mas de mamãe e da mana. Não regressaste a Lisboa como prometido e partiste sem dizer adeus. Não ligaste ou mandaste mensagem nos aniversários de nenhum dos sobrinhos. Não dás noticias se ninguém o fizer primeiro e várias vezes (mamãe quase teve de te “ameaçar” para ter uma resposta depois de ter vários mails ignorados. Pergunto-me se o farás em breve, se te lembrarás de uma data e darás noticias.
O amor, por ilimitado que seja tem, ainda assim, um limite. Quando magoas assim os que amo tanto e que te amam de igual modo, ficas mais feio, mais pequenino…
Tenho saudades tuas. Vou ter sempre. Mas paciência.
Nada do que eu disser ou fizer pode mudar o que já aconteceu.. Nem te interessa o que penso ou deixo de pensar a esse respeito. E tu não me lês aqui, este é só um desabafo. Quando abrimos o armário e deixamos os “esqueletos” sair, tudo dói menos, tudo é menos assustador. Empurrá-los bem fundo lá para dentro e fechar a porta só aumenta a dor que tentamos ignorar.
Disse-to já (mas tu não sabes) “desistir, desistir mesmo, é coisa que custa (…) quando se gosta respira-se fundo. Conta-se até 320. Faz-se um esforço de memória para relembrar só que é bom. E, sobretudo, sabe-se que o dia seguinte será sempre melhor, mesmo que à noite haja palavras tortas e costas voltada (…) já me fartei algumas vezes. Mas nunca as suficientes para bater com a porta de vez. Fica só ali ligeiramente encostada até que um tenha a presença de espírito suficiente para a abrir outra vez...".
É esse o estado do meu coração. Cansei-me de tentar manter a porta aberta. Não a fechei, não a fecharei nunca, não seria capaz. Mas não quero mais só para mim o esforço de a manter aberta. Por isso fica ali, “ligeiramente encostada” até que um de nós volte a abri-la.
Acordada, sou a menina forte e “dura” que sempre fui perante o resto mundo (com a excepção que só eu e mais alguém conhecemos e que não é brilhante). E por isso pareço imperturbável, sem dor e sem culpa, assumindo cada uma das minhas escolhas e decisões. Mas quando a noite e o sono chegam… a ternura e a dor da tua ausência falam mais alto que a razão. E por isso sonho contigo e acordo triste.
Post Scriptum…
… e por falar em “mais alguém”, quer-me cá parecer que há quem tenha lido "a porta encostada" e pensado que era para si :\ que era uma espécie de “recado”. E foi-se embora sem dizer uma palavra.
Mas não faz mal. Resolvi há muito não quebrar o silêncio dele no dia em que voltasse (suponho que o esperei estes seis meses… a cada novo acontecimento dava por mim a pensar “é agora que ele vai embora outra vez”).
Suponho que foi. Juntou tudo o que se tinha passado na vida dele, na minha e a nós a isto e foi. E eu não disse nada. Vi que estava a acontecer e, surpreendentemente, não disse nada. Não perguntei, não reclamei, não fiz uma cena.
Já o sabia há muito tempo, acho. Não voltaria depois de Barcelona. Sem saber que o sabia. Foi surpreendente a tranquilidade da descoberta. Acredita, estou melhor assim.
Não era para ele o post. O “recado”. Nem de longe nem de perto. Não tinha nada a ver. Era para ti mesmo. Ou para mim, a teu respeito, já que não me lês realmente aqui e é sempre, afinal de contas, para mim que escrevo.
(E vai na volta nem foi nada disso e nem teve nada a ver com o meu post :) )