24 de junho de 2009

Stop the clocks

Stop all the clocks, cut off the telephone,
Prevent the dog from barking with a juicy bone,
Silence the pianos and with muffled drum
Bring out the coffin, let the mourners come.

Let aeroplanes circle moaning overhead
Scribbling on the sky the message He Is Dead,
Put crepe bows round the white necks of the public doves,
Let the traffic policemen wear black cotton gloves.

He was my North, my South, my East and West,
My working week and my Sunday rest,
My noon, my midnight, my talk, my song;
I thought that love would last for ever: I was wrong.

The stars are not wanted now: put out every one;
Pack up the moon and dismantle the sun;
Pour away the ocean and sweep up the wood.
For nothing now can ever come to any good.

W. H Auden

14 de junho de 2009

Santo António, já se acabou...

Arraial de Carnide, 14 de Junho de 2009

Ausências...



A minha mãe cobra o silêncio. As mensagens que chegam e de que desconhece o autor. Poucas. Raras, nos dias que correm. Os telefonemas, quase inexistentes, mas ainda assim, para ela, demasiados. As coisas que não conto.

Acusa-me de deslealdade pelo que não partilho da minha vida. Não é a primeira vez que o faz. Não será a última. Por não ser reciproco, o partilhar. "Ameaça" retaliar. "Eu vou passar a fazer o mesmo". Como se fosse condição para um, a existência do outro. Que não peço. Que não escolhi.

Pergunto-me se não ficaria chocada ao descobrir a banalidade, a monotonia, da minha vida tão longe dela. E surpresa como o facto de aquele que é, efectivamente, o único segredo, estar tão próximo.

Tem a certeza que eu tenho uma "vida secreta". Que a exclui. Que a magoa.
Quando fico dias em silêncio, não lhe ocorre que posso precisar de colo. Precisar que me procurem, que sintam a minha falta. Que tenham saudades minhas (não nos cansamos todos, volta e meia, da comunicação num só sentido?). Para a minha mãe, nesses momentos, devo "estar lá na tua vida secreta" que decidiu que eu tenho e hei-de voltar a dar noticias quando me apetecer.

Não lhe ocorre que posso estar cansada, cheia de trabalho, a correr de um lado para o outro. Que posso, simplesmente, não ter nada para dizer.

A minha mãe, que tudo cobra, magoa-se com o que não lhe conto e choca-se com o que lhe digo.
O "almoço em Coimbra" (que nunca existiu de facto) deu-lhe todas as respostas que julga ter. As opções que tomo e de que lhe falo abertamente, chocam-na, Porque só "as mulheres casadas" o fazem. As mulheres solteiras quase com 40 anos, bem resolvidas e com opções definidas, não. Há outras escolhas. Por isso, devo ter casado e não lhe contei. "Menina para isso és tu", diz mamãe.

Surpreendida, hesito entre a dor e o riso. A minha mãe tem 58 anos e surpreende-me com este "choque". Não o esperava. Não assim. Atirado de chofre no meio de uma discussão (mais uma) semanas depois do momento em que conversámos sobre isso e nada do género foi dito. Não por causa de um telefonema (que foi um erro a todos os níveis e não devia ter acontecido) ao entardecer.

Opto pelo riso. Ou vai doer tanto que é dificil voltar atrás. E mamãe é mamãe. Sempre e apesar de tudo.
Não te preocupes: não o faria sem, pelo menos, to comunicar. E na, imensa, improbabilidade de acontecer um dia, espero ter-te lá. Com a mana. E até mesmo o mano distante, quem sabe."Tudo o que vivi, estou a partilhar contigo".
Talvez não seja, afinal, "menina para isso".


A minha amiga sente-me diferente. Mais distante. "Evasiva", foi a palavra que usou.
Queixa-se do silêncio, mas não lê realmente o que escrevo, o que lhe conto.
Tem todas as respostas, sem entrelinhas, nos mails imensos, embora raros, que ainda lhe escrevo de vez em quando.


E no meio de tudo isto, mágoa e solidão. A alegada independencia e auto-suficiencia, tem um preço elevado.
A escolha do que quero, como e com quem, partilhar também.

2 de junho de 2009

Eu vou ter saudades dele, vou sim

O meu menino, é um senhor
E foi aplaudido, de pé, por um estádio inteiro, na hora de dizer adeus.



1 de junho de 2009

Lu

Por estes dias tenho saudades da tua leveza.
Dos tempos em que te ouvia durante horas falar de amores e desamores.
E eram tantos. Sempre tantos. Em cadeia. Por vezes em simultâneo.

Dos nossos cafés às 4 da tarde que se transformavam em jantares até de madrugada. Do fondue e das caipiroskas improvisados em fins-de-tarde.

Por esses dias o mundo era quase sempre mais leve. Mesmo quando havia feridas para lamber. Ouvir-te era esquecer-me de mim. E também era ter um ombro por perto em momentos complicados. Mesmo quando não sabia que o queria. Mesmo quando achava não precisar dele.

Não é do ombro, a falta que sinto. Ainda que me apetecesse, muito, partilhar tanto do meu mundo de hoje contigo. É da leveza. Do riso. Da inconsequência. Do “drama” que era o hoje sabendo que amanhã ia acontecer tudo outra vez.

O silêncio não acontece por acaso. E nós, tu, estamos em silêncio há muitos meses.

Demasiados dias. Demasiados “dramas”. Eu sei.

E também sei que a minha Saudade é egoísta porque vem da necessidade de esquecer. De não pensar. De olhar noutra direcção que não a minha. Que a leveza que hoje me faz falta, foi o que me fez sentir só nos meses em que o silêncio não era uma escolha.

Mas quero que saibas, tu que não me lês nunca, que tenho saudades tuas e que sinto a tua falta.

15 anos depois





Hoje é o primeiro dia do resto da minha vida…