20 de setembro de 2011

HSC

“Há amores que perduram. Outros que acabam. Outros, ainda, que se transformam.

Há amores sexuais.”

Pergunto-me que tipo de “amor” será o nosso…

19 de setembro de 2011

Familia maravilha?

Ele perguntou de repente, a mudar de assunto:

“como vai a família maravilha?”

Eu pensei que ele estava a ser irónico, juro. “Família maravilha?”
- sim… vocês são muito unidos.
Ah, lá isso somos! Completamente sicilianos mas muito unidos! Muito mesmo!
- LOL! Quem me dera ter uma família assim…

A conversa ficou por ali (até porque ele já estava a começar a disparatar e eu tive uma reunião de repente) mas fiquei a pensar naquilo.

Há 20 anos a minha família não era exatamente motivo de admiração (se bem que também não me lembro se era motivo de discussão acesa, eventuais grrrrrrs volta e meia talvez). Pergunto-me se não era (também) desse lado familiar que ele vinha à procura tantos anos depois… se não é também esse lado que nunca teve e sente ter perdido sem saber que o perdia. E fiquei a pensar nisso…

16 de setembro de 2011

O último dia

Foi hoje. E foi giro. E correu bem.
Tive alta de manhã como estava previsto. Não havia razão nenhuma para isso não acontecer. A consulta foi de manhã mas eu tinha prometido ir lá nessa tarde confirmar a alta à Silvia.

A Silvia é um amor e já na véspera me tinha dito que a última sessão seria nesse dia. Levei bolos e sumo para o lanche de despedida depois de um dia muito agitado: consulta de manhã, almoço muito divertido com um amigo, mais uma consulta, breve paragem em casa para mudar de roupa, comprar bolos e sumo, ir a correr para a fisioterapia... e tentar concentrar-me nos exercicios onde I e D passaram o tempo a tentar desconcentrar-me e fazer-me rir porque, segundo eles, não queriam que me fosse embora... uns queridos! As meninas disseram o mesmo mas eram mais suaves. A Silvia muito ralhou com eles! A rir, mas ralhou. Porque eu já tinha tido alta e assim ainda ia acabar por me magoar quando, na verdade, ninguém queria que isso acontecesse. Por muita pena que todos tivessem de me ver ir embora é de facto um bom sinal (e é, é sinal de cura :) ).

Há medida que iam saindo, iam lanchando mas alguns de nós fomos ficando para o fim e saímos já perto das 8 da fisioterapia. Nessa altura os poucos que restavam interromperam os exercicios para brindarmos com sumo e vermouth e comer os pasteis de nata. Brindámos ao futuro e houve risos.

Segunda volto ao trabalho e à rotina do dia a dia. Mas prometi voltar para os visitar e é isso que farei. Para começar já na próxima semana.

A Fisioterapia foi surpreendente. Nunca pensei que pudesse fazer amigos em mês e meio. Que pudesse ser tão divertido trabalhar tanto (diariamente e com dor) e mesmo assim fazer amigos... ao mesmo tempo que curei um pé :)

11 de setembro de 2011

Dias aparentemente banais

Que de repente parecem mudar a nossa vida, devagarinho, tranquilamente. Não necessariamente mudar mas ter um impacto inesperado na nossa vida, com todas as voltas e reviravoltas que o mundo dá.

Fez esta semana um mês que cai nas escadas no emprego. Dei uma daquelas quedas valentes, magoei-me a sério. Por pouco não parti o pé. Por pouco não foi um entorse de nível 3 (eu não percebo lá muito disso mas tanto quanto percebi é o mais grave e o meu ficou algures pelo meio entre o 2 e o 3). Por pouco não fui operada. Hospital, canadianas, tala, pé no ar, gelo... mais médico, baixa... fisioterapia.

Que mudou tudo. Que começou fez precisamente ontem um mês (poucos dias depois da queda) e deve terminar esta semana com muita pena minha.

No inicio parecia uma seca. Não pelo tratamento mas, ir para lá, todos os dias, ao fim da tarde, duas horas? Ainda bem que é perto! Chegar a casa às oito da noite... todos os dias! Mas depois, de repente, aquelas duas horas, que há medida que o tempo foi passando se converteram em quatro porque os exercicios vão aumentando, são um prazer. Não só uma terapia para o pé mas para a alma, para o espirito. Um antidepressivo natural.

Os meus fins de tarde na fisioterapia são muito divertidos. E muito eficazes. O pé está quase bom. Somos um grupo pequeno, muito simpático, damo-nos todos bem. Uns mais faladores e simpáticos do que outros mas não há ninguém antipático ou insuportável. Tem a ver com feitios e maneiras de ser. A fisioterapeuta ajuda porque é muito simpática, interage com todos, tem sempre o controle da situação não há momentos mortos e percebe imenso do assunto. Já consigo pular (correr é que ainda não :( sofro imenso) e a Silvia dizia-me esta semana: quem viu o seu pé nos primeiros dias e quem o vê agora... não tem comparação possível... o mérito é dela, claro, e foi o que lhe disse. Respondeu-me que não. Que é nosso. :) E do meu organismo que também colabora.

E depois há duas ou três pessoas que num mês achamos que mesmo quando a fisioterapia terminar vão continuar por perto, como o Inácio. Damo-nos muito bem. Fartamo-nos de rir. E de fazer rir. Reclamamos quando um chega mais tarde que o outro. E é engraçado. A Silvia, diz que fazemos uma boa dupla :) quando trabalhamos em conjunto, porque temos o mesmo tipo de lesão no mesmo pé e há exercicios comuns que fazemos em conjunto mas, ele é piegas como são quase sempre os homens, LOL, e ele é muito aldrabão e eu faço tudo direitinho o que provoca grandes gargalhadas porque ele tenta enganar-nos e entre mim e a Silvia não tem hipótese (por ele só andava de bicicleta, odeia a passadeira e mais meia-dúzia de exercícios).


Mas também temos conversas sérias, especialmente quando estamos na bicicleta ao mesmo tempo.Sobre o mundo em geral, sobre politica nacional e internacional, sobre futebol, sobre religião e a troika.

Sobre o Pluto. Aconteceu, porque me achou triste nesses dias em que eu não ria e pouco falava.
Um dia perguntou: porque é que andas tão triste e de lágrimas nos olhos? E quando eu contei, teve a ternura de não me dizer "é só um cão" mas de ouvir, compreender e, afinal de contas, até me fazer rir.



Por isso vos digo que nestes dias "aparentemente banais" um acontecimento chato, que podia ter sido até dramático, numa época de algum silêncio em que a escrita tem substituido muitas vezes a voz, ali é uma espécie de oásis sem passado, sem histórias, sem criticas, sem reclamações. Só nós, as nossas lesões, as nossas pequenas/ grandes conquistas diárias celebradas por todos. E talvez, num ou noutro caso, exista um futuro. Um amigo é coisa rara para se guardar dentro do coração. E eu vou ter saudades deles.

6 de setembro de 2011

Adeus, meu querido...

Foi hoje que partiu, o meu amigo querido... para que fique finalmente em paz.

Vamos ter, sempre, saudades tuas :)

3 de setembro de 2011

Amar, também é saber desistir...

Deixar partir. Com lágrimas e de coração partido. Reconhecer que não tenho o direito de querer que fiques mais tempo. Que continues aqui. Que não é justo.

Pergunto-me se sofres e não consigo perceber. Olho-te e não entendo. Queria tanto que ficasses. Queria tanto poder ajudar-te a ficar. Se não mais tempo, pelo menos a partir rodeado de amor, dos que te amam. E somos muitos, os que te amam. E não ali, naquela marquesa fria. Naquela sala gelada. Com aquela mulher antipática que pede dinheiro para te ajudar a partir.

Se eu soubesse, se eu tivesse a certeza, que não sofres, dormiria todas as noites ao teu lado até acontecer. Para te sentires amado até ao último suspiro. Da mesma forma que te levo a água que bebes mas que os rins não expulsam e a comida, pouca, que lá vais comendo como se soubesses que isso nos deixa felizes.

Se eu soubesse que no fundo desses olhos tão doces, como sempre mas, mais tristes que nunca, não há dor... nesse corpo que se arrasta no pouco que te vais mexendo... não é minha a decisão, sabes meu querido? E mamãe parece tão decidida... mas se eu soubesse, se eu tivesse a certeza... se todos tivéssemos a certeza...

Amar doi tanto meu querido!!! Tanto!!! Amar-te é deixar-te partir para ficares em paz. Finalmente. Depois dessa vida tão dificil que tiveste antes daquele dia em que esses lindos olhos castanhos cativaram para sempre mamãe e companhia... a mim, seduziste-me desde o primeiro dia. Neste amor sempre correspondido :)

Queria que fossem semanas, meses. Sei que não serão. Horas, dias. E é justo que o sejam. Para ti.
Se choro. Muito. É já do vazio que vou sentir naquela casa. Do olhar que te vai procurar tantas vezes.

Não choramos de saudades, sabes? Temos saudades porque foi bom. É o vazio que fica que nos faz chorar.

O nosso Plutinho está a morrer. Há cinco anos que o sabemos. Na altura conseguimos "resgatá-lo" à doença, foi uma batalha ganha a uma guerra que sabíamos que não seria ganha. Chegou a recta final.

O Plutinho está a morrer. E eu estou de coração partido.

1 de setembro de 2011

Histórias de dias que não vos contei


Antes do pé, antes do regresso ao trabalho, nos útimos dias de maio. Dias de silêncio. De paz. E de sol.