1 de janeiro de 2009

Escrever o teu nome...

Vou escrever o teu nome numa folha de papel. Dizer-te o quanto te amo e quero. A pele, o toque, o desejo, o olhar. Mesmo sabendo que amo um desconhecido fora das quatro paredes do nosso quarto.

Que pouco mais sei de quem és, do que pensas, do que sentes. Esquecer que não foi essa a tua escolha, que não sou eu quem acorda ao teu lado em cada manhã.
Dizer-te que desprezo a tua cobardia mais do que lamento a escolha. Que o “nunca”, “ninguém”… “mato-me”… são tão ridículos e tão pequeninos que fazem com que deixes de valer a pena.


Vou escrever o teu nome numa folha de papel. Pedir-te que partas para não mais voltar. Porque foram dias e não horas no meu aniversário. Porque me fazes sentir uma adolescente parva quando resolves dar sinal de vida.

Porque podes sempre no dia antes ou no dia seguinte, mas raramente quando quero e posso. Porque já não é bom e não me faz feliz. Porque nunca me dizes que estou bonita, nunca partilhamos um livro ou uma viagem, um filme ou um pôr-do-sol. E eu não quero nem preciso de ti na minha vida.


Vou escrever o teu nome numa folha de papel. Dizer-te que sou mais do que um “banco” ou alguém com quem podes contar. Que fico feliz por gostares tanto da tua mulher, da tua família, mas que também podias gostar um bocadinho mais de nós de vez em quando. Que te adoramos e estamos sempre cá e que gostávamos de sentir que também tens saudades nossas e que é bom estar perto.

Vou dizer-te que preferia que tivesse sido diferente o “pós-natal”. Que vou sentir muito a tua falta mesmo que agora raras vezes te veja. Que sinto o coração apertado nesta despedida sem data marcada de reencontro. Que quero muito que o teu sonho se cumpra porque te faz feliz, mas o atlântico é muito grande e tu estás muito longe e eu preferia ter-te por perto mesmo quando não te vejo…

Vou dizer-te que te amo e que já tenho saudades tuas. E que vou estar sempre, sempre, sempre aqui. Mesmo quando te digo “não”.


Vou escrever os teus nomes numa folha de papel.
Os dias doídos de Abril no meu peito. As pequenas/ grandes coisas que me amachucaram “um bocadinho” neste ano que agora terminou. O meu “umbigo”. A minha amiga, A minha “outra” amiga também. O meu emprego.


Vou escrever o teu nome numa folha de papel.

De ti, meu menino. De ti, meu antigo amor. De ti.
Dos dias doídos de Abril. Do meu umbigo. Da minha amiga. Da minha “outra” amiga também. Do meu emprego.

Dos que amo e me amam. Dos que me deixam “gostar de ti”. E dos que nem por isso.

E depois, muito devagarinho, queimar tudo. Para que o vento os leve para longe e sobre apenas o que de bom ficou.

Feliz ano novo.