15 de fevereiro de 2009

Choro amanhã, está bem?

Li algures, há muito tempo, numa qualquer revista dita “feminina”, que quando estivermos mais em baixo e a precisar de férias, podemos recarregar baterias num terminal de aeroporto. Hoje percebi porquê. Gosto de aeroportos. Do bulício, das pessoas de um lado para o outro. Dos rituais. Da promessa de viagem.

Mas hoje não quero estar aqui. Descubro que é a primeira vez que me despeço de alguém que amo num aeroporto. Sou sempre eu quem parte.

Dia longo, este. De emoções fortes. Feliz e amargo ao mesmo tempo. Por muitas razões, a muitos níveis. Dia de “nervoso miudinho”. De risos e cumplicidades.
E de lágrimas também. Como agora, aqui. Neste aeroporto de que tanto gosto. O mano vai embora daqui a pouco. Para Angola. Por muito tempo. Para sempre?

Não veio ninguém. Não sei porquê, mas não veio. Talvez seja mais fácil assim. Para quem? Para ele? Não creio. Eu vim. Por ele. Pelas bambinas. Por mim também.

A mais velha não se conteve e já chorou em casa. A pequenina brinca e vive o aeroporto pela primeira vez.

Está mais séria. Sabe que é preciso não chorar ao pé do pai. Faz muitas perguntas. Sobre viagens, Sobre aviões. Sobre “para onde vão as malas? Porque é que o pai não traz a mala grande?” quando depois do check-in só ficou a bagagem de mão.

Ganho um novo encanto aos seus olhos “já andaste de avião”??? Já meu amor. Muitas vezes, felizmente. E se depender de mim, hei-de voar muitas mais.
Fascinante esta descoberta :) “Quando formos visitar o pai, vens connosco. Já sabes como é.” A mãe sorri e concorda. “Sim, é melhor trazer alguém com experiência”.

E depois é o adeus. Não há como adiar. Ele está contido, solene. Quase não fala. É sempre assim. A pequenina abraça-o muito. E os olhos brilham mas mantém-se firme “entrou uma pestana no meu olho”. Meu amor. Menina valente, esta pequenina. A mais velha atira-se nos braços do pai em pranto mas também ela acaba por se conter. Para o pai não ir embora triste.


Como conter as lágrimas quando o “até já” parece ser para sempre?

De saída, brincamos, eu e a mãe, com tudo o que vamos fazer quando formos, também nós, viajar ao encontro do pai. Que gira vai ser a viagem de avião :)

Mas a pequenina já aguentou demais. E de repente está a chorar. Sem dizer nada. Quando a mãe pergunta “então…?” responde naquela voz doce que só ela tem “tenho saudades do pai…”

A mãe é um doce em ternura para aquelas duas filhas. Agora podem, o pai já não vê. Já não fica triste.

E eu fico ali a dar colo às três. Afinal, foi para isso que vim.
Pelo sim, pelo não, choro amanhã, está bem?

4 de fevereiro de 2009

31 de Janeiro

A minha menina casou.

Num dia que começou bonito e acabou em noite de temporal.
Num dia em que espero que tudo tenha corrido exactamente como ela esperava, ou ainda melhor, a minha menina casou.

E foi bonito. A minha menina e o meu "novo menino" estavam felizes.

Plantaram, juntos, uma árvore.
E eu espero que cresça. Para sempre.