23 de outubro de 2012

Obrigada

Este, podia ter sido um dia muito, muito, muito dificil.
Podia, mas não foi.

Quase ninguém tinha esperança, havia nuvens negras no horizonte. Havia, mas já não há.

Este podia ter sido um dia dificil. Mas não foi.
Que os anjos digam amén.

18 de outubro de 2012

Hapiness



16 de outubro de 2012

Os livros que eu amo...


"A Caverna", pág 187 - José Saramago

10 de outubro de 2012

Um Danúbio quase azul…

Regressei a Budapeste este verão. 5 anos depois. E, tal como esperava, (re)descobri uma cidade completamente diferente. Porque a percorri (a pé e de autocarro) de forma diferente da 1ª. Porque a revisitei com quem tem muito mais em comum comigo na maneira como visitamos as cidades e conhecemos o mundo. Acho-a bela. E sinto-me bem em Budapeste.



Apesar de uma dúvida (que me atormentou até ao último dia – cheguei a sonhar com isso!): não há gatos de rua em Budapeste… nem um!! Ora… há gatos em todoooo o lado. O que é que eles fazem aos gatos??? Há imagens de gatos em recordações, papel de embrulho, malas e malinhas… deduzo que gostem de gatos. Mas não se vêm. O que não é normal, é preocupante…

No último dia, finalmente, vi um gato!!! Não era de rua, estava numa loja (mais propriamente a tratar da higiene nas escadas de uma loja e depois entrou). Fiquei tão mas tãoooooo feliz que tive de o fotografar!!! Foi a fotografia mais desejada por esses dias.




Antes, na mesma manhã, fui comprar pilhas a um supermercado e confirmei que, de facto, há gatos em Budapeste… dentro de casa: havia comida á venda :D

Mas a preocupação continua… porque de facto não há animais vadios em Budapeste (gatos ou cães). Há cães por todo o lado (de todas as raças e tamanhos que possam imaginar! ) mas sempre com dono. Será que há por lá algo parecido com “a carroça” que os apanha na rua e…. Arrghhhhhhh!!!

Faz-me imensa impressão… até porque de repente também não me lembro de ter visto gatos em Viena d’Áustria, por exemplo…

Mas, voltando aos dias em Budapeste, as pessoas são simpáticas em todo o lado (mesmo as que não falam Inglês) e se nos virem na rua com ar de quem está a tentar ver alguma coisa (do tipo: quais as linhas de metro que passam naquela estação) dirigem-se a ti e ajudam-te :)

Há imensas casas de banho públicas e muito limpas o que é fantástico e pouco comum noutros lugares. É verdade que se paga (150 ou 180 florins) mas há muitas por aí em que se paga e nem por isso estão limpas e bem cheirosas…

A mais extraordinária de todas, foi num café junto á Basílica de Sto. Estevão – não exatamente pública, portanto. Para poderes ir á casa de banho, para entrar, tinhas de marcar um código (exatamente, um código). Parecia que estávamos a abrir a porta num daqueles prédios sem chave ou a aceder a alguma área de acesso restrito… fabuloso!! E onde é que estava o código???? No talão que te davam quando consumias. Sem consumo… não há código. Sem código… não entras. Mesmo perguntando ao balcão qual era o código (e vi pessoas a fazer isso) não to dão. Informam, gentilmente, que está no talão. Se não tiveres… nada feito. Portanto… é paga, sem ser. Não precisas de pagar mais do que já consumiste.

Acho a ideia fabulosa!! Passam ali milhares de turistas (é um dos pontos chave de Budapeste, Sto. Estevão é o Santo padroeiro da Hungria) e é a única maneira de garantirem duas coisas: não são invadidos por quem só quer ir à casa de banho e garantem que as instalações estão sempre impecáveis!!

Tirei muitas fotografias, como se nunca lá tivesse estado: á milhares de detalhes, pormenores… centenas de estátuas por todo o lado: nos jardins, nas praças, nas ruas…e fantásticas que são:


Como não fotografar??? Como não querer guardar a memória para revisitar mais tarde? Não é por acaso que, euzinha, tirei umas 510 fotografias… com mais cento e poucas que mamãe tem :) . Como é possível, não é verdade??? Afinal… já lá tinha estado…

É certo que estive mais tempo e visitei com mais detalhe lugares onde, da primeira vez, os meus companheiros de viagem não quiseram entrar (quase tudo é pago e, ás vezes, muito caro). Da outra visita tenho 89 fotografias.. sendo que, com muita pena minha (que não gosto desse tipo de fotografias) aparece quase sempre um dos outros dois marmanjos (ou mesmo os dois!!). Eu bem dizia que não, mas eles metiam-se na foto!! Grrrr… Talvez convenha explicar que nenhum daqueles dois tontos se lembrou de levar máquina, tínhamos mais duas cidades para visitar e a minha máquina de então não suportava mais que 100 fotografias… nem tinha cartões de memória compatíveis. Passei o tempo a ter de escolher as fotos que podia apagar (quase todas com eles os dois e sempre que tive oportunidade de tirar outra ao mesmo local). Mas… 600 e tal fotos mais 89… mesmo apagando algumas… é muita foto!! LOL

Uma das coisas que fizemos (eu não fiz exatamente o mesmo da outra vez mas foi esse o canal de regresso a Budapeste a partir de Viena) foi um passeio no Danúbio… descobri mais tarde que era uma das coisas que mamãe mais queria fazer! Quem diria? Mas, como dizia mamãe: o Danúbio é o Danúbio… quem não conhece a valsa de Strauss??? E desta vez, por efeito da luz talvez, o Danúbio (que tem um tom meio para o verde) estava quase, quase azul… :D





Houve outras coisas que pensei que mamãe quereria fazer e não quis, por exemplo: passar algumas horas num dos muitos complexos de banhos de Budapeste. Quase todos lindos por dentro e por fora e com águas termais fantásticas!! Acha que não gosta e que seria uma perda de tempo e dinheiro (4.000 florins por 4h) quando há outras coisas para ver… eu estive uma manhã inteira no Géllert da outra vez e foi um momento memorável. Por isso achei que seria bom. Mas não quis. E eu não insisti.

Mas também houve algumas em que insisti e acabou por dar a mão á palmatória. Por exemplo: não queria esperar 40 minutos para poder visitar a igreja da Gruta mas reconheceu que tinha valido a pena e que ainda bem que insisti :D

E também se fartou de me gozar!! Coisa feia mamãe, gozar com a filhota!!! ;) : por causa dos gatos, claro (dei por mim a sonhar que os matavam todos e enterravam numa vala comum… que horror!!!) e, principalmente, por causa da mão mumificada de Sto. Estevão.

A maior relíquia da Hungria é a mão mumificada de Sto. Estevão. Na Basílica, existe a igreja da mão onde está exposta, dentro de uma urna de vidro e pratam, que por sua vez está dentro de uma vitrine e a uma altura razoável dos visitantes. Portanto… não se vê nada!! LOL


Insisti para que lá fôssemos (eu já tinha visto da outra vez) o que implicou regressar á Basílica (estavam a dar missa na primeira visita e como a capela é perto do altar fecham-na nessas alturas). Não fizemos nenhum desvio para lá ir, porque era um dos caminhos possíveis mas… fui gozada o tempo todo!! Que importante, impressionante que era… não se vê nada!! E ria-se (ainda ri, quando se lembra…). O que é um bom sinal. Do quanto estava a gostar de ter ido e de como foi boa esta viagem (caso contrário ia implicar comigo o tempo todo).

Muitas outras coisas interessantes acontecem em Budapeste... as esplanadas com cobertores para os momentos mais frios, os parques e "castelos" em cada esquina... a linha "Milenium" do metro feita de madeira... as muitas pontes que ligam Buda a peste... o café mais belo do mundo. E tanto, tanto mais.



Não vou cansar-vos com relatos da viagem (algumas fotos que aqui partilho já dão para ter uma ideia) mas tenho de vos contar duas coisas:

Em todas as igrejas está o nosso Sto. António :D motivo de orgulho porque é nosso, é Português, é Lisboeta e sou fã dele!! Mesmo que, em alguns casos, o associem a Pádua… a malta perdoa :) Na igreja da gruta e na Basílica de Sto. Estevão, está Nossa Senhora de Fátima. Lembro-me de ter ficado comovida da 1ª vez que lá fui porque não estava nada á espera e de repente… lá estava. É engraçado como, lá fora, estas coisas nos tocam de outra maneira :D



A “Casa do Terror, em Budapeste, é impressionante… mesmo sem entrar, impressiona e comove. Foi sede da Policia no tempo do Nacional Socialismo Húngaro de Szálasi-wing Em 1944 quando os Nazis Húngaros chegaram ao poder e centenas de pessoas foram torturadas e executadas; em 1945 a Hungria foi ocupada pelo Exército Soviético, o edifício foi transformado na PRO (Politikai Rendészeti Osztály), polícia secreta.



O terror em Budapeste teve duas faces: a nazi e a soviética. Mas isso não invalida que agora o Museu do Terror seja inteiramente dedicado a um corpo: o corpo húngaro, o mesmo que infligiu o ódio e sofreu os males de guerra nos últimos 80 anos. O museu, ou Casa do Terror, situa-se no edifício que durante anos alojou a polícia política magiar – que tanto colaborava com os nazis como pactuava com os soviéticos. Agora, a sua existência é uma espécie de expiação histórica com nota de culpa (algo que seria decente acontecer com um Museu da PIDE em Portugal). Tirando a ideologia, o que sobra? Sobra um dos melhor ilustrados e eloquentes museus históricos do mundo.

E impressiona e comove, mesmo do lado de fora… é impossível não ficar em silêncio e não prestar homenagem àqueles homens e mulheres que lutaram a favor do que acreditavam e, por essa única razão, foram torturados e mortos…


Aqui, mais do que em outros lugares onde estivemos, sente-se o "peso da História":

  • Sissi foi coroada Rainha da Hungria na igreja de St Mathias;
  • Existem edifícios onde ainda são visíveis as balas da revolução de 1848 (A revolução húngara de 1848 foi uma das muitas revoluções desse ano, fortemente ligada às revoluções na área sob domínio dos Habsburgos. A revolução na Hungria chegou a degenerar em guerra pela independência do Império Austríaco. Muitos dos seus líderes, incluindo Lajos Kossuth e Sándor Petőfi, estão entre as maiores figuras da história da Hungria, e o aniversário do dia de início da revolução (começou em 15 de março) é um dos três feriados nacionais.) .
  • quase todas as pontes (e muitos edifícios) foram destruídos durante os bombardeamentos da 2ª Guerra Mundial e voltaram a erguê-los.

E claro, na "Casa do Terror".

Gostei muito de revisitar Budapeste. Nunca me teria passado pela cabeça lá voltar mas, a verdade é que, de repente, me apetece voltar também a Bratislava e Viena D’Áustria. Para as (re)descobrir.

Foram bons, estes dias. Mesmo com a “birra das 4” como lhe chamei. Todos os dias, por volta das 4, mamãe reclamava que estava muito cansada, que não podia mais, que preferia não ver isto ou aquilo do que andar, fosse lá o que fosse que era preciso… eu, na maior parte das vezes, ouvi sem responder. E passava minutos depois :) . Principalmente depois de perceber que eu também estava cansada e, ainda por cima, com dores de cabeça. E nunca reclamei. Mesmo perante as indecisões: quero muito ver isto, já não quero ver isto.. :) foram muito boas as férias e dias de boa recordação.


Eu sei: estamos em crise. Não são fáceis os tempos que se avizinham. E eu devia ter poupado dinheiro ao invés de o gastar em viagens… mas viajar é a melhor coisa do mundo e eu prefiro abdicar de outras coisas mas, de vez em quando, lavar a alma :)