30 de julho de 2010

O António Feio morreu

E eu fico triste porque gostava dele e porque, depois de tanta luta, perdeu a batalha... fica o exemplo, já se sabe.

De alguém que acreditou e teve esperança e lutou até ao fim. Com um sorriso e o partilhar da esperança.

E fica o riso, o eterno riso dele, pois claro...

28 de julho de 2010

Gosto tanto de Cegonhas...

(very, very private :D )

27 de julho de 2010

23 de julho de 2010

Há um ano, eu estava aqui...

Há um ano, desconhecendo uma série de coincidências que podiam ter sido "chatas"(felizmente, só meses mais tarde as "descobri" ou nunca teria ido) eu estava aqui :)



Precisava de paz, calor, sol e, principalmente, silêncio! Tanto silêncio que nem portátil ou telemóvel levei. Voltei aos tempos de miúda em que ligava para casa da cabine quando chegava ao local e a meio das férias para dar noticias.

Nunca tinha ouvido falar neste lugar. Ou pelo menos nunca lhe tinha prestado atenção suficiente para reter na memória.

Pequeno-almoço na varanda, manhãs cedo na praia, almoços na esplanada e tardes, quase todas, na piscina (porque estava demasiado vento para conseguir estar na praia). Uma tarde a passear, de autocarro e a pé. Pelas ruas e ruelas. Pelo castelo. Jantares frugais, sem cozinhados elaborados. Muita fruta, muitas saladas. Muita leitura, muita música e longos banhos de mar. E fotos. Para mais tarde recordar (um auto-retrato tirado aqui é, até hoje, uma das minhas fotos preferidas “de mim” – embora quase ninguém goste dela LOL).

Houve momentos de alguma solidão, não nego, até porque eram tempos conturbados ao nível emocional, mas foi muito bom! Adorei o lugar e, se tudo correr bem, voltarei em breve para mais uns dias de sol, calor e paz :)

Há um ano, eu estava aqui.

Pequenas coisas que não interessam a ninguém…

… perdi o meu anel :(
Não é nada de especial, é só uma aliança, em prata, sem nenhum nhó-nhó. Mas foi a mana que ma deu. Há um milhão de anos. E eu andava sempre com ela e hoje perdi-a. Não sei onde, não sei como. Acho que me caiu simplesmente do dedo e eu nem dei por isso. E não sendo um grande drama é chato que se farta!! Porque eu nunca ando com anéis. Até tenho dois ou três (e há um que adoro, parece um rebuçado e fica a matar com o meu vestido das cerejas) mas é raro lembrar-me de os usar (como é que eu posso andar de mãos nos bolsos se tiver anéis??) mas aquele usava sempre. Religiosamente. Todos os dias. Era a primeira coisa que tirava quando chegava a casa – o anel e o relógio – mas punha-o de novo todas as manhãs. E trocava de dedos e de mãos. Mas usava. E agora perdi-o. E é chato que se farta!


… acho que estou mais magra. Acho. Não tenho a certeza porque nem sequer me dou ao trabalho de me pesar para não ficar deprimida mas… palpita-me. E isso chateia-me profundamente! Porque eu até ando tão bonitinha!! A almoçar e a jantar todos os dias. E a tomar o pequeno-almoço e a lanchar… vejam lá que até como a meio da manhã!!! E emagreci??? Mas como é possível???? Andei aí umas semanas meio parvas, confere, em que me esquecia de jantar e andava meio tristonha e não tinha fome por isso não almoçava… mas agora??? Que eu ando tão linda??? Que eu voltei a ter uma alimentação regular e mais equilibrada??? Claro que… beber 2 ou mais litros de água por dia é capaz de não ajudar muito quem não quer emagrecer, não é? Vai na volta… é capaz de ser por aí: fico toda saudável, com uma pele toda linda e hidratada (já que para as rugas não há volta a dar) mas emagreço. Buáaaaaaaaaaa!!! Não é justooooooooo!!!! Não queroooooo!!! Vou amuar :(


… se há coisa que me irrita, é que não respondam às minhas mensagens e/ ou aos meus mails!!
É que é mesmo coisa para me chatear, para me deixar triste!! Acho uma falta de respeito, uma falta de consideração, uma falta de ternura!!! Nem que seja uma ou duas palavras, um :), (apre!!!, é assim tão difícil????).
Já não peço (embora gostasse, confere) que me escrevam mensagens que em vez se 160 caracteres têm 10x mais, ou mails que são verdadeiros “testamentos” como os que eu mando volta e meia mas, pelo menos, respondam-me! Vem isto a propósito de um amigo meu que parece que teve um acidente de mota e partiu o braço em 4 sítios. Acontece que ele é enorme, pesa quase 200 kilos e eu imagino aquilo tudo a cair da mota e ponho-me logo a pensar que ele não deve estar lá em muito bom estado… eu soube pelo facebook porque ele escreveu isso no mural e fiquei preocupada por isso mandei-lhe mensagem, claro (e ele odeia mensagens, como não podia deixar de ser – vocês não sabem mas é a “história da minha vida”! Todos odeiam sms!!). Como é, infelizmente, óbvio tratando-se dele, não me respondeu. Vai daí, mandei mensagem pelo Facebook já que assumi “se pode escrever no mural, também pode responder”. Pois claro que não, não é verdade??? Eu tenho cada uma!! Mas deve estar bom porque continua a escrever no Mural e parece todo satisfeito. At the end of the day… é isso que importa. Mas, no que me diz respeito, ele bem pode esperar sentado que eu volte a dar uma notícia que seja :p Humpfff!!



… a minha mãe partiu a cabeça, acham normal??? Uma rapariga quase com 60 anos, avó de 4 netos, com idade para ter juízo e anda para aí a empoleirar-se e parte a cabeça??? Logo mamãe que nem em miúda a tinha partido?? Tudo porque resolveu empoleirar-se na estrutura de um banco (sim, porque para ser realmente um banco era preciso que tivesse… parte de cima) para pendurar mais um anjinho na parede e escorregou. Vai daí, o anjinho que estava a tentar pendurar, caiu-lhe em cima (ainda bem que era de plástico e não muito grande! Já imaginaram se tivesse sido um daqueles anjinhos barrocos em gesso ou em barro?) e partiu-lhe a cabeça. Nada de grave, felizmente. Nem um pontito, uma ida ao hospital… nada. “Só” o susto, os netos assustados de ver assim a avó a cair desamparada no chão, sem sequer se levantar para ligar ao genro (que felizmente trabalha ali ao lado e veio logo a correr), com o sangue a escorrer e sem se mexer. Não pela gravidade (que felizmente não teve) mas pelo susto. Ai estas avós sem juízo!! Hoje está toda dorida, claro! Mas pode ser que lhe sirva de lição e passe a ter mais juízo :p


… eu sou muito tagarela, já se sabe, e sempre achei que a partir do momento em que me levanto estou acordada e pronto! O dia já começou, toca de me mexer e falar e rir e essas coisas todas (tinha um “amigo” nos escoteiros que não percebia como é que alguém podia acordar logo a rir em vez de ficar meia-hora a resmungar por ter acordado e a minha resposta era “como é que alguém consegue NÃO acordar a rir”?) mas agora percebo, finalmente, que não é fácil… porque, de vez em quando, também eu, tagarelita por natureza e feitio, preciso de silêncio pela manhã e actualmente tenho uma colega que é um doce, uma querida mas que, só aqui entre nós que ninguém nos ouve, me cansa logo de manhã :( é que eu ainda mal cheguei, mal me sentei, mal liguei o pc e já ela está blá, blá, blá, blá, blá… e, a parte pior, é que espera que eu olhe para ela e responda. Se não respondo, se não sorrio, começa logo “tu hoje não estás bem, tu hoje não falas, tu hoje estás cheia daquelas coisas más…” Arrrrghhhhhhhh!!! Não, eu hoje não estou nada disso. Está tudo bem, tudo tranquilo. Só não me apetece falar. Volta e meia, estou a anos luz dali… a respirar fundo e começar o dia… devagarinho. Só de vez em quando… pode ser?


E pronto, é isto. Assim de repente :)

19 de julho de 2010

E depois há aqueles dias...

Em que só nos apetece levantar como se nada fosse, como se fôssemos só ali tomar café ou dar recado a um colega. E descemos as escadas e saímos a porta. Para a rua. Para o sol. E seguimos adiante, sem olhar para trás.

Partimos sem bagagem e sem destino. Sem data de regresso e sem telemóvel. Só nós. Sem pressa.

Até onde os nossos pés e os caminhos nos levarem. Sem tempo ou memória.
Há dias assim. Hoje é um desses dias...

16 de julho de 2010

A "Tia Preta"

Comecei por ler este post:

Tia preta

Ontem recebi um telefonema e, do outro lado, uma voz quebrada disse:- Olá, daqui é a tia preta!Fiquei contente por a ouvir mas, logo depois, entristeci. Entristeci muito. A tia preta, que lutava há anos contra um cancro na mama, ligou-me para informar que, agora, apareceu-lhe um cancro na cabeça, inoperável. E falou, pela primeira vez, num tom que, sem ser de despedida, era. Doeu-me fundo.A tia preta não merecia. Não ela. Não sabem que é? Deixo um texto que escrevi sobre ela, para as Selecções do Reader's Digest. A tia preta é boa. Tem um coração enorme. E é completamente estúpido e inútil que morra, assim. Para mim, ela é mais uma das provas de que estamos, sobretudo, nas mãos da sorte. E ela não tem tido sorte. Hoje estou triste. E ainda com mais medo do que a sorte me/nos reserva. Infelizmente, não basta ser bom para se ser recompensado.

«Tia, vou à cozinha comer cereais, está bem?». Lizete Baessa ainda não tinha acabado de dizer que sim, «claro meu querido», quando outra voz atropelou a primeira: «Tia, ela não me deixa brincar…». A tia não perde tempo e apressa-se a chamar Lara: «Então? Porque é que não brincas com o Polho?». Lara explica que o miúdo, minúsculo e com ar de reguila, quer ficar com os brinquedos todos. Lizete admoesta o pequeno, pede que façam as pazes, «Vá, vão lá brincar juntos, vá», e claro que nisto um outro pedido se sobrepõe: «Tia, desculpe interromper… Vou só ali ao escritório buscar baunilha, está bem?» E ainda a tia preta ensaiava um «claro, meu amor» quando uma nova súplica se escutou: «Tia…»Lizete Baessa tem 57 anos e no seu bairro, em Chelas, ela é a «tia preta». Todos a conhecem assim, todos são seus sobrinhos. A sua casa, o seu T2, que comprou à Câmara Municipal, não é sua, na verdade. É de todos os que queiram entrar. Mas não é só entrar. Não é só entrada por saída. A sua casa está aberta para tudo o que se queira. As crianças são livres de chegar de manhã, de tarde, de noite. De comer, tomar banho, ver televisão, fazer os trabalhos de casa, passar a noite. As crianças podem ter mãe e pai mas são, todas elas, os seus meninos. «São os meus meninos, sim. A partir do momento em que entram em minha casa, os miúdos são meus. Os filhos são deles, dos pais deles, mas os miúdos são meus.»A tia preta vive há 15 anos no bairro de Chelas. Uma zona degradada onde os problemas sociais gritam em cada porta, em cada janela, em cada família. Lizete chegou há 15 anos e não tardou a fazer amigos. Um rapaz ajudou-a a montar a mobília, ela em troca oferecia-lhe comida. Daí a conhecer a irmã foi um instante. E a irmã tinha um bebé de um ano, o Pipo, a quem de imediato ganhou afeição. «Dá-me o teu menino», dizia Lizete à mãe, com o sorriso grande que é a sua marca. Certo é que o Pipo começou a frequentar a casa como quem frequenta a creche. Todos os dias. E depois dele, a irmã, Liliana. E por arrasto os outros, do prédio, das casas do lado, das ruas de trás. Pipo tem hoje 15 anos. Continua a entrar na casa da tia preta como quem chega ao seu próprio lar. Ele, a irmã, e todos os miúdos que se sentem ali melhor do que na casa onde vivem os familiares.E, no entanto, não é bem como quem entra na sua própria casa. Muitos destes miúdos têm tudo para ser problemáticos. Muitos deles nasceram e vivem em famílias disfuncionais. Muitos terão comportamentos agressivos, muitos poderão ser revoltados, muitos serão como um pé-de-vento nas suas casas. Mas nada disso se nota, nada disso se sente na casa da tia preta. Ali há um respeito que é raro. Todos, dos dois aos 17 anos, pedem «por favor», todos dizem «obrigado», «com licença», ninguém levanta a voz. Se a tia preta diz não, é não. Se a tia preta diz sim, é sim. Naquela casa, têm todos uma educação tão esmerada que parecem fazer parte da mais nobre das famílias. O respeito nota-se até no modo como olham Lizete, um misto de ternura, gratidão e deferência. «Aqui há regras. Eles respeitam-nas e não é preciso muito. Todos sabem o que fazer, todos sabem como funciona a casa, todos ajudam, como numa família. Claro que às vezes me zango. Tenho ali a ‘sete e quinhentos’ para me ajudar, e o banco do mocho. Qual é a casa onde uma mãe não se zanga com os seus meninos?» A «sete e quinhentos» é uma colher de pau que, apesar de nunca ter tido uso, serve de ameaça séria sempre que alguém foge da linha. O «banco do mocho» é uma pedra que existe à porta de casa, para onde vai quem se porta mal e tem de ir pensar na vida.A partir das cinco da tarde e até à uma da manhã, a casa de Lizete Baessa é uma verdadeira instituição. Os miúdos começam a chegar da escola e vão ficando. Uns lancham, fazem os deveres e vão embora, outros jantam, outros ficam para dormir. Nunca se sabe. Às vezes, também vêm almoçar. «Ligam da escola a dizer que não gostam do almoço. Perguntam se podem vir comer umas salsichas. Claro que podem. Há sempre comida para mais um.» Para tudo isto, Lizete não conta senão consigo. E com a ajuda de quem, de repente, se lembra dela e da sua «obra» e lhe traz arroz, açúcar, massa, salsichas, atum. De resto, é ela quem gere a casa e os seus meninos. Tudo o que ganha vai para esta família alargada. E a vida, ainda por cima, não quis ser meiga para com ela.Há quatro anos, esta ex-secretária teve de deixar de trabalhar porque teve de ser operada a uns pólipos que lhe apareceram nos intestinos. Ela não sabe se era o corpo a dar o aviso para algo pior. A verdade é que, dois anos depois, estava no duche, a cantar, como sempre, e de repente calou-se. E assim ficou, calada, com três mamas em vez de duas. Lizete soube imediatamente. «Pensei: estou feita. Percebi logo. Fui à médica de família no dia seguinte de manhã. E passado muito pouco tempo estava no IPO [Instituto Português de Oncologia]. Fui muito bem tratada. O meu carcinoma no peito media 7 centímetros. Estive um ano a fazer sessões de quimioterapia, para o reduzir. Depois fui operada, fiz 36 sessões de radioterapia, e agora continuo com a quimio, duas vezes por mês. Vamos ver… Está estável.»Quando chegou ao IPO só pediu que não lhe escondessem nada: «Disse: senhor doutor, eu vivo sozinha numa casa cheia de crianças. Preciso de saber o que vai ser de mim, para os poder reunir e explicar.» E assim foi. Nesse dia, há dois anos, reuniu os seus meninos. E colheu reacções fabulosas. A reacção que mais a comoveu foi a dos que fugiram: «Houve um grupo que desapareceu. Disseram: ‘A tia vai morrer. Vamos ficar sem a tia’. E não quiseram esperar para ver. Não quiseram assistir a esse abandono. Foi o modo que tiveram de negar mais um sofrimento, mais uma perda nas suas vidas. Fugiram. Negaram-se a serem deixados. Comoveu-me isto. Mas eu cá continuo! E tenciono continuar!»Continua e garante que são os seus meninos quem lhe dá força. «Acho que se não os tivesse não estaria aqui, cheia de energia, como se isto do cancro não fosse nada comigo. No dia em que vim do hospital, eles encheram-me a casa, como sempre, e não me deixaram ir à cama. Eles não me deixam parar, sabe minha querida? São a minha alegria. São a minha vida.»Na casa do lado, vive Pedro. O tio Pedro. É ele que a apoia. É ele quem entra, enquanto a conversa decorre (interrompida mil vezes pela palavra «tia» suplicada por uma voz infantil), para levar roupa para secar. Roupa dos meninos, claro, que ali – como em qualquer casa onde vivem crianças – também se trata das roupas. «Dantes, quando eu tinha loiça em vidro, eles às vezes partiam um prato, um copo. E lá iam a correr bater à porta do tio Pedro para pedir que lhes arranjasse um prato dos seus, um copo dos seus, para eu não me zangar. Coitado! O desgraçado ficou sem serviço. E eu aprendi a lição: agora tenho um serviço de plástico! Mas acredita que também se parte?»O tio Pedro tem a chave da casa da tia preta. As regras estão definidas. A tia sai e deixa a chave na porta ao lado. Quem chegar primeiro (ela ou uma das muitas crianças) apanha a chave e entra em casa. Às vezes é Lizete quem chega primeiro, outras vezes quando entra já lá está um, dois, dez, vinte. «No Verão chegamos a ser 25 à mesa. Faço uma grande tachada de frango frito ou salada russa. E comemos. E somos felizes. Eles falam comigo sobre tudo o que querem. Às vezes dizem: ‘Tia, preciso falar-lhe’. E eu só pergunto: ‘A sós ou falamos aqui todos?’ E às vezes eles dizem: ‘Hoje é só com a tia’. E eu oiço, dou conselhos, carinho… o que eles precisam. Sobre os pais não sei nada. Não quero saber. Não sei se ganham 100, 200, não sei nem me interessa se ganham mais do que eu. A mim interessam-me os miúdos. É por eles que eu quero fazer alguma coisa. É a eles que eu quero deitar a mão. Segurar. Ter em casa, debaixo de olho.» A verdade é que ali estão entre iguais. A verdade é que ali têm regras. Têm alguém que lhes pergunta pela escola, pelos trabalhos de casa, pelos testes. Alguém que puxa as orelhas na hora certa. E aplaude quando deve de ser. Alguém que dá comida e colo e limpa o rabo. «Só gostava de ter uma casa maior, para receber mais meninos, ou os mesmos mas com outras condições. E, claro, se pudesse ter mais vezes carne e peixe para lhes dar…». Lizete não tem ajudas. Ou tem, pouquinhas. «Ainda agora fui fazer um contrato com a EPAL… recebi uma factura muito alta para pagar e tive de combinar um pagamento a prestações…», sorri. «O que é que eu hei-de fazer, minha querida? O que é que eu hei-de fazer?»Fábio tem 16 anos e já perdeu a conta aos anos que frequenta a casa da tia preta. «Essa tia é uma senhora exemplar. Porque nos acolheu, porque nos acolhe, porque nos dá a mão. Porque não nos deixa ficar mal, e podemos contar sempre com ela.» Com ela, com o seu colo, com o seu sorriso. Lizete Baessa é a tia preta. É a mãe (ela que nunca foi mãe de verdade, no sentido de transportar um bebé no ventre), é o pai, é a família que muitos não têm. E que outros têm, mas que só debaixo da sua asa parecem encontrar a paz para poderem aprender a voar.

**Este texto foi publicado na revista Selecções do Reader's Digeste

Hoje, estes:


Ajudar a tia preta

Liguei-lhe agora. Disse-lhe:- Tia preta... tenho aqui uma série de pessoas que a querem ajudar. Do que precisa?- Ah... Carne e peixe. De carne e peixe preciso muito.- É? E mais?- Azeite e leite.- Ok. E para si, tia? - Saúde, que é o que não tenho.- Oh, tia preta, mas saúde eu não lhe posso dar, infelizmente. Há algum miminho, alguma coisa que gostasse, que se soubesse bem?- Umas cerejinhas. Poucas, para não se estragarem.Hoje ainda vou levar umas cerejinhas à querida tia preta. E carne, também.Quanto a vocês, se quiserem conribuir com carne, peixe, azeite e leite... acho que ela ficava muito feliz. Porque os seus meninos são a sua razão de viver, e ela agora precisa ainda mais de se agarrar a eles (e eles a ela).P.S: Quem quiser enviar, mande-me um email, que eu depois explico como havemos de fazer.P.S2: Espalhem a palavra, se quiserem, nos vossos blogues. Vamos animar esta mulher única!

A morada da tia preta

Fui vê-la. Estava deitada, inchada e a roer uma maçaroca. Levei-lhe as cerejas. Enquanto conversávamos, a tia preta não descurava os "seus" meninos: - Quem é que está a falar com a boca cheia?- Sou eu, tia, desculpe.E, daí a mais um bocado:- Que barulho foi este?- Fui eu com a cadeira, tia, desculpe.Como sempre, os meninos de Chelas, alguns com histórias de vida tão duras, ali não faltam ao respeito. Sabem agradecer a quem tão bem lhes faz. A tia preta estava bem disposta. Perguntei-lhe como se sentia, se estava revoltada. Soube do cancro na cabeça 1 mês exacto depois de ter tido alta de uma longa luta contra um carcinoma na mama. Estava curada. Só tinha de ir à consulta um ano depois. E afinal, 1 mês depois, um tumor inoperável na cabeça. Ela olhou-me e disse:- Não estou revoltada. Nada, nada. É que nem penso nisso. Quero é ficar boa! Eu sei que todos temos de morrer. Uns mais cedo, outros mais tarde. Quando chegar a minha vez, que vá com calminha... - e sorriu um sorriso grande.Minha gente, é assim. A tia preta precisa de feijão catarino, de cereais, de azeite e leite (muito). Precisa de carne e de peixe (muito). Tem duas arcas congeladoras, para guardar tudo. E despensa. Quando lhe perguntei "E se vem muita gente e depois não tem como dar vazão?", ela sorriu: "Eles devoram tudo..."Diz que também criou uma associação, entretanto, e que me vai dar o nib. Mas, sempre muito séria, avisou: "Estou aqui há 16 anos. Sempre vivi e ajudei esta gente toda com o meu dinheiro e com as coisas que me iam dando. Não era agora que ia usurpar esse dinheiro que me dão. É todo para eles, para lhes comprar coisas a eles." Tão linda.A morada para onde podem enviar as coisas ou onde as podem entregar pessoalmente (se for carne e/ou peixe ou se tiverem vontade de a conhecer) é:Rua Ricardo Ornelas, 375, R/C dto.Bairro da FlamengaChelas.1950-331 LisboaIsto fica perto do parque da Bela Vista, onde se realiza o Rock in Rio. Procurem no Google Maps e depois é perguntar na rua, que toda a gente a conhece.A tia está sempre em casa, a porta está sempre aberta. Se estiver fechada, há sempre o tio Pedro, que vive na porta em frente, e que a ajuda há anos. É um querido, também. A tia gosta de receber gente, fica feliz. Sintam-se à vontade.Eu podia fazer um cartão continente ou uma coisa dessas. Mas só a hipótese de alguém poder pensar que eu ficava com dinheiros ou isso fez-me desistir da ideia. Obrigada. Muito obrigada.

EM BREVE DOU O NIB DA ASSOCIAÇÃO DA TIA PRETA. PODEM SOSSEGAR. ELA É TÃO HONESTA QUE O VOSSO DINHEIRO SERÁ BEM EMPREGUE PARA OS SEUS MENINOS, SUA ÚNICA PREOCUPAÇÃO.

In: http://coconafralda.blogspot.com/

Eu não conheço a "Tia preta" mas parece-me uma pessoa linda e uma mulher admirável!!
Se eu tivesse esta generosidade e este sentido de entrega, queria ser uma "tia" assim. Mas não sou, não consigo.

Por isso divulgo a história desta mulher admirável. Se quiserem ajudar :)

Miguel Torga

‎"Recomeça... se puderes, sem angustia e sem pressa e os passos que deres, nesse caminho do futuro, dá-os em liberdade, enquanto não alcances não descanses, de nenhum fruto queiras só metade"...

14 de julho de 2010

O meu amor pequenino…

… faz de mim gato sapato! Deixa-me um olho negro, nódoas negras nas pernas e nos braços, arranha-me deliberadamente quando o contrario.

Mas enche o meu coração de calor e ternura. Quando chego, abre um sorriso de orelha a orelha, faz “olhinhos bonitos”, pede colo, abraça-me da maneira doce que só os bebés têm de abraçar e enche-me de beijos. Beijos bons. De bebé.

A semana passada, talvez porque me tinha visto menos do que tem acontecido ultimamente, quando íamos na rua agarrava-me na mão e dava beijinhos nela, muito encostadinho a mim. E, no elevador, abraçava a minha perna com os dois braços, encostava a cara e ria-se.

O meu amor pequenino deixa esta tia a sentir-se muito, muito amada e muito, muito, muito feliz.

9 de julho de 2010

:)

Há pessoas que nos fazem bem. Que nos deixam felizes só por estarem ali. Por nos sorrirem. Ou por retribuírem o nosso sorriso.

Tenho um amigo que é assim.
Passam-se anos sem o ver, sem o ouvir.
Quase só “falamos” por mail. Pouco, muito pouco. E por aqui.
Muito de vez em quando, quase raramente, vemo-nos. Num almoço ou num jantar (mais raro ainda).

Nesta nossa tão unilateral “conversa”, os meus “silêncios de escrita” deixam-no levemente apreensivo, quase preocupado. Parece achar que o meu “silêncio” não é um bom sinal.Mas provoca-me sempre um sorriso. De mim para mim. E uma onda de ternura.

O mundo podia ter girado ao contrário. E tudo seria diferente. Mas não foi. E é bom, muito bom, estares aí :)

7 de julho de 2010

sete do sete

Não te apaixones por mim.
Porque eu vou apaixonar-me pela ideia. Por te saber assim, apaixonado por mim.
E depois, devagarinho, mesmo que não seja verdade e rapidamente o percebas e desistas de mim, é por ti, e já não pela ideia, que me terei apaixonado entretanto.

E não quero e não posso. Não assim.
Estou demasiado frágil, demasiado carente, demasiado vulnerável, demasiado “em perigo” para ser “amada” por tão pouco tempo. O coração ainda está muito “amachucado” por este amor em sentido único. Por este amor não retribuído.

Sou apenas uma rapariga do outro lado da rua. Por quem ainda a atravessas para cumprimentar. A quem ainda sorris quando encontras.


Mas se acontecer, um dia, não muito longe daqui, verás, vou passar a ser alguém que não vês mesmo que passe ao teu lado. Alguém de quem desvias o olhar porque não é suposto sorrir-me.

6 de julho de 2010

Se o meu dia hoje...

... tivesse uma banda sonora,era mais ou menos isto :) E isto :)

2 de julho de 2010

Porque será…

que acham sempre que há um namorado pelo meio quando uma pessoa muda de vida???
Será que já não se pode ser uma mulher livre, independente e senhora do seu narizito arrebitado, sem ter de haver uma relação amorosa a determinar as nossas escolhas???

Quando fui viver para o Porto, tinha meio mundo a achar que tinha casado ou ia casar, e outro meio mundo a achar que o namorado era de lá e por isso eu tinha ido viver no Porto (para “ficar mais perto”).
Agora que voltei para casa, descobri que uma das coisas que se diz por lá é que eu vim viver com o namorado e por isso é que voltei para Lisboa…

E como é que eu descobri que são estes os boatos a norte?
Porque a propósito de uma conversa sobre a dificuldade de pagar as duas casas sozinha com uma das minhas “ex-meninas”, ouço a pergunta “surpreendida” - “mas a de Lisboa tu também pagas sozinha? Não estás a viver com o teu namorado? Disseram-me que era por isso que te tinhas vindo embora!”. Queres ver que também tenho filhos e não sei????

Ser a minha terra, lugar dos meus afectos e saudades, não seria razão suficiente? Parece que não, parecem ser “razões menores”…

Desculpem lá se vos estrago o filme que fizeram a propósito do meu regresso a casa mas até estou a viver sozinha e é nesse feliz estado que pretendo continuar. Deixem lá o namoradito na casa dele que eu fico na minha com a Dona Gata e estamos muito bem assim, pode ser?

Não é assim tão raro hoje em dia uma rapariga escolher viver sozinha, já lá vai o tempo!! Desde quando é que é um homem (ou um amor) a definir a nossa vida??

Eu sei que não é por mal mas que querem? Estes comentários irritam-me!! Haja paciência!!! (que como todos sabemos não é exactamente a maior das minhas virtudes :p )

Vai na volta um dia destes tenho uma paixão (retribuída, espero! Por uma vez, era capaz de ter piada…) mas, dizia eu, um dia destes tenho uma paixão assolapada por um menino qualquer no outro lado do mundo e lá vou eu de malas e bagagens!!! ;) toma lá que é para aprenderes a não ter a mania da “independência”! :p

1 de julho de 2010

O post que eu me esqueci de publicar… :(

Porto, 18 de Junho

É cinzenta, a luz do Porto. Está um dia lindo de sol e é cinzenta a luz.
Está frio aqui, mais frio que na minha Lisboa.

Terá sido sempre assim, a luz do Porto? Terá sido sempre assim e eu não vi, ou sou eu que não me lembro?
Serão estes quatro meses longe (sim, já se passaram 4 meses desde o dia em que fechei a porta) que me fazem olhar de novo este sol e estas ruas?

Gosto da “minha rua”, gosto da “minha casa” no Porto. Sempre gostei. Se pudesse, levava-os comigo para Lisboa (sempre o disse “se eu pudesse levar o meu cantinho de Porto para Lisboa, voltava já amanhã).
Não tenho saudades de estar aqui, mas sinto a falta desta casa e desta rua.

Da mercearia da Dona Silvia com o seu sorriso aberto e as cerejas que guardava “para o caso de a menina passar por cá”. Da drogaria do “meu amigo”. Da animação desta rua tão cheia de vida e esplanadas ao Sol (ainda que quase sempre tímido, do Porto).

Só cá estive 4 horas e mal parei no mesmo sítio (casa, médico, casa, almoço, casa, comboio) mas foi bom passar por aqui, parar para olhar em volta, viver a cidade.
Para perceber, ainda e sempre, onde quero realmente estar.

Vamos lá ver se nos entendemos....

... as cerejas do meu vestido são só minhas, ok??? E não são para comer :p
Que é isso de andar meio-mundo a tentar "roubar-mas"???? Querem ver que que eu vou ter de me chatear???

Ai os meninos!! Ai, ai, ai!!!!!