Jurei a mim mesma que ficava calada. Que não dizia nada.
Que a dor, desilusão e tristeza pelo comportamento são grandes demais.
Disse: “não esperes que o faça porque não o farei. Prometo não dificultar mas também não facilitarei o processo”. Foi o que eu disse. E o que tinha feito até agora. Porque tudo tem limites. E há um momento em que, até eu, que me magoo com facilidade mas esqueço depressa e procuro ultrapassar, acho que já chega.
E já chegava. Como chegava. Tanto que chegava.
Mas hoje… hoje quebrei a minha jura.
Mandaram-me um mail a propósito de contas em atraso e eu…
“Aproveitando o mail… há outro assunto de que te queria falar. Não achas que já é tempo de atenuarmos este afastamento entre as duas famílias? Que já é tempo de voltarem a Lisboa para verem, por exemplo, o A e o T, e para nós te vermos a ti e às miúdas? Falo por mim e por elas: temos muitas saudades de todos vocês e este afastamento custa-nos muito.
Todos temos razões (nós e vocês) para estar magoados. Todos temos razão e estamos enganados em coisas diferentes. E há, sem dúvida, muita mágoa com algumas atitudes de ambas as partes que talvez tenham sido mal-entendidas. Mas a verdade é que a discussão de Janeiro, e o afastamento consequente, se prolongou, talvez se tenha até aprofundado, não sei, e de repente já se passou quase um ano. E não devia ser assim.
Pode nunca mais vir a ser a mesma coisa, podemos nunca mais vir a ter o mesmo tipo de entendimento e até mesmo cumplicidade que achei que tínhamos (e agora falo concretamente de mim e de vocês) um dia, mas não temos de permanecer necessariamente longe uns dos outros… não sei, talvez seja só uma ideia. Diz-me (digam-me) de vossa justiça.”
Porque mamãe sofre com a antecipação de um Natal que devia ser comum e pode não vir a ser. Porque tem saudades do filho e das netas. Porque os amo.
Quebrei a minha jura. E agora pronto, fico aqui à espera.