18 de janeiro de 2010

Um sorriso triste

Tenho saudades tuas.
Do tempo em que éramos cúmplices e riamos juntos das mesmas coisas. Das discussões “estúpidas” por tudo e por nada. Do “contra-mundum” tão típico de irmãos.

Do tempo em que era meu o “colo” que procuravas mesmo quando eu barafustava. Do teu tom gabarolas e das histórias que tens sempre para contar.

De ter o teu colo e o teu ombro por perto. Nessa tua maneira “estranha” de dar colo… como quando me vinhas buscar ao Porto de propósito e me arrastavas para supermercados e centros comerciais cheios de gente e tudo o que eu queria era ficar em casa, na penumbra, em silêncio, a tentar lidar com a cabeça a estoirar de dor que quase me fazia desmaiar. “Estás melhor, não estás?” e um sorriso doloroso era a única resposta.

Era a tua maneira de tomar conta de mim. De me dar colo. De me mimar. E eu deixava. Quase a desmaiar de dor, mas deixava. Parecia ser tão importante para ti.

Ter-me por perto era a tua maneira de dizer “estou aqui se precisares de alguma coisa”. Mas também era sossegar a tua preocupação e acalmar a inquietação dos 60 kms que nos separavam.

Tenho saudades desses dias. Estás tão longe e já passou tanto tempo desde a última vez que te vi. As raras mensagens e os ainda mais raros telefonemas não mitigam a saudade.

Cortei-me na mão e tu nem sabes. Doeu (ainda dói) e está tão negro, tão feio… e eu tenho tantas saudades tuas. Mesmo sabendo que não ias ligar nenhuma, que ias dizer que tinhas um problema qualquer muito maior que o meu, que isto comparado com tantas outras coisas não tem qualquer importância.

E não tem. E eu sei isso tudo. Mas esteve cá a mãe este fim-de-semana. E a mana mandou os bolos que eu gosto, mesmo sabendo que não os vou comer. Que raramente os como. Mamãe veio carregada só porque “leva-lhe que ela gosta”.

Mesmo que não telefone quando eu precisei de ouvir alguém do outro lado. Mesmo que venha uma semana depois do que teria sido, realmente, preciso. Mesmo que me diga “eu não devia ter acreditado em ti, devia ter vindo logo” como se eu lhe tivesse fechado a porta ou proibido a entrada.

Quer tomar conta de mim. E não há amor maior que esse, pois não? Mesmo assim, com a mãe e a mana por perto, de uma maneira ou de outra, mesmo sendo estes nossos amores eternos e imperfeitos, sinto a tua falta.

E tenho muitas, muitas, muitas, saudades tuas.

1 comentário:

Anónimo disse...

:)tenho a certeza que mesmo ha maneira dele ele tem saudades tuas

M