21 de janeiro de 2010

Sim, tive a reunião

E mudou a minha vida. Hoje é o primeiro dia do resto da minha vida...
Mas há algumas pessoas que merecem saber primeiro e por mim, de viva voz. Mamãe. A mana. A avó. E até o mano que está lá tão longe, em Angola... talvez lhe telefone um dia destes.

Dia 18 de Fevereiro do ano da graça de 2010 volto a VIVER e trabalhar em LISBOA. 12 anos depois.
E, sim, estou cheia de medo. E de felicidade. De angústia. E de alegria.

Começar "quase" do zero aos 40 anos.
Mas é este "quase" que faz a diferença. Que dá alguma segurança e estabilidade. E medo, também.

Só não muda a empresa... tudo o resto é diferente. A função, o lugar, o departamento... aiii que medo!!! E se eu não for capaz?? A expectativa dos que me recebem é tão grande... e eu sou um rato assustado ao pé da montanha...

Vai correr tudo bem.
A minha menina, a primeira a quem contei, está quase mais feliz por mim do que eu própria. Horas depois ainda estou... atordoada, confusa, submersa na quantidade de coisas que não páro de perceber que vou ter de alterar, que vou ter de fazer...

E a casa? Esta e a de Lisboa? Preciso de uma casa em Lisboa (a propósito... sim, o mail que alguns receberam na sexta era mesmo a sério. Mas agora preciso para mim também). Preciso de alugar ou vender esta (já falei com um amigo que é agente imobiliário no Porto). Alugar ou comprar em Lisboa.

E a Ginja?? Enquanto eu não tiver casa posso ficar com mamãe (era tão bom que não fosse preciso, não era??) mas a Ginja tem de ficar cá... e a mudança?? Como é que se faz uma mudança do Porto para Lisboa??? Há uma casa inteira para mudar, 12 anos, parte de uma vida... mudar moradas em todo o lado... reencaminhar o correio...

E as minhas coisas nas gavetas, nos armários, no pc de 12 anos?? É preciso trazer tudo, arrumar, copiar para a pen... passar pastas a outras pessoas e sair um dia sabendo que é a ultima vez.

O mail de "despedida". Uns mandaram, outros não. Recebemos de tudo nestes anos... poemas "anti-eva" que nos deixaram chocados. Mails comovidos que nos sensibilizaram. Simples "adeus e até um dia" que não causaram nada de especial. E nada, nem uma palavra.

O último dia aqui. A saída. Em silêncio e bicos dos pés, como parte de mim gostaria que fosse.
Ou com um jantar, e em festa, como outros mereceram.

Existem pessoas a quem não direi adeus.
Umas, porque partiram há muito e lhes perdi o rasto (e lamento porque sem elas nada disto teria feito sentido).

Outras... porque foram mudando as proximidades e sentimentos que nos uniram por algum tempo. O carinho vai ficar sempre, pelo que foram. Obrigada.

E depois há as excepções. As que ficarão sempre. Com ou sem 300 kms de distância. Como a minha amiga ficou, em Lisboa.

Há despedida no meu coração e nos meus olhos por estes dias.
Da minha casa, da minha rua. Da minha rotunda da Boavista. Do meu mar dos primeiros anos.
Desta cidade que aprendi a conhecer e a amar em 12 anos.

Apetece-me passear a pé pelas ruas e reter cada imagem na memória. E na máquina fotográfica.
O tempo e a distância tornam vagas as memórias. E eu não quero esquecer nada.

Ficarei por cá, depois de ter partido.