29 de junho de 2010

O Principezinho

Se fosse vivo, Saint-Exupéry faria 110 anos. E eu não sabia claro (já lá vai o tempo em que eu era um "manancial de informações inúteis") mas hoje o Google é assim:







Dele li o "Vôo nocturno" e o inevitável "Principezinho", que me foi oferecido por alguém de quem eu não gostava lá muito e que me achava um bocadinho "ouriço" com tantos "picos". Eu devia ter uns 14 ou 15 anos e não eram dias fáceis aqueles.


Tinha visto o filme em miúda, a um domingo de manhã enquanto os papás iam ás compras e as crianças podiam ficar sozinhas no cinema (nos tempos de que quase nenhum de vocês se lembra e o Caleidoscópio era um cinema no jardim do Campo Grande).


Não me lembro se gostei ou não do livro na época, mas foi, durante anos a fio, um livro a que regressei exaustivamente para pontuar um ou outro momento, uma ou outra dedicatória e (meus pobres seniores!!) muitas das cerimónias escotistas nos tempos do 146.


Do livro, mais que do filme que mal recordo, ficou-me para sempre o "Cativar"... somos responsáveis por aqueles que cativamos.


Nunca gostei da rosa (que achava mimada, estúpida e arrogante) mas a raposa seduziu-me desde o primeiro dia. (Curiosamente fui da patrulha Raposa quando aderi aos escoteiros. Devo ter achado piada a essa coincidência mas esses são tempos de má memória que prefiro manter no fundo do baú).


"Eu não tenho necessidade de ti. E tu não tens necessidade de mim. Mas, se tu me cativas, nós teremos necessidade um do outro. Serás para mim único no mundo e eu serei para ti, única no mundo... Tenho uma vida terrivelmente monótona... Mas se tu me cativares, a minha vida fica cheia se Sol. Estás a ver, ali adiante, aqueles campos de trigo? ... não me fazem lembrar de nada. É uma triste coisa! Mas os teus cabelos são da cor do ouro. Então quando eu estiver cativada por ti, vai ser maravilhoso! Como o trigo é dourado, há-de fazer-me lembrar de ti... - Só conhecemos as coisas que cativamos - disse a raposa.
(...)


E o que é preciso fazer? - Perguntou o principezinho.


- É preciso ter muita paciência. Primeiro, sentas-te um bocadinho afastado de mim, assim em cima da relva. Eu olho para ti pelo canto do olho e tu não dizes nada . A linguagem é uma fonte de mal-entendidos. Mas todos os dias te podes sentar mais perto... Se vieres sempre ás quatro horas, ás três já eu começo a ser feliz...


Foi assim que o principezinho cativou a raposa. E quando chegou a hora da despedida: - Ai! - exclamou a raposa - Ai que me vou pôr a chorar... ... Então não ganhaste nada com isso! - Ai isso é que ganhei! - disse a raposa. - Por causa da cor do trigo...


Depois acrescentou: - Anda vai ver outra vez as rosas. Vais perceber que a tua é única no mundo. "

1 comentário:

Anónimo disse...

...foi o tempo que perdeste com a tua rosa que fez dela tão especial...

:) beijos grandes