De vez em quando podias dizer-me "gosto de ti".
E o mundo não acabava por causa disso.
O pior que podia acontecer era fazeres-me sorrir. Deixar-me feliz.
Mas não dizes. Como agora. Com a música do leãozinho. Disse-te "mas não gostas" e respondeste "estava a ver como ficava". E riste. Como ris sempre.
E mudaste de assunto. Como fazes agora quando digo alguma coisa a que não queres responder. Mas não negaste.
Não gostas. Talvez um dia tenhas gostado. Mas já não gostas.
Deixo-te bem disposto. Faço-te rir.
Talvez ainda haja desejo. Algum desejo. Mas um dia acaba.
O amor, como o desejo, precisam do outro. Precisam de resposta.
E tu ignoras o meu amor e o meu desejo. As minhas palavras caem no chão como as bolas de ténis de quem joga sózinho. Não há eco do outro lado.
Estou aqui. Na estúpida esperança que um dia digas, que um dia sintas, "gosto de ti". Peço-te tão pouco, sabes? Parece-te tanto e é tão menos do que pensas. Aceitei há muito tudo o que isto implica. A distância. A ausência. O silêncio.
Mas preciso de amor. De desejo. De não ser a única a ter saudades. De não ser a única a dizê-lo. Preciso de me sentir amada. Querida. Preciso de sentir que vale a pena.
Murcho um bocadinho todos os dias. Como as flores sem água.
Um dia seco. Em silêncio. E pergunto-me se darás por isso.
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