Foi uma ferida que doeu durante muito tempo. Por ter sido excluída de uma festa onde, vá-se lá saber porquê, me achei obviamente presente. E porque a sobrinha faz anos num daqueles dias em que é sempre feriado nacional e eu tinha ouvido "piadas" um ano inteiro porque no ano anterior estava a trabalhar e cheguei tarde à festa (“Vê lá se este ano te lembras de não trabalhar” e “não vais trabalhar outra vez este ano, pois não?”). Vá-se lá saber porquê, achei que seria convidada para a festa. Ou, pelo menos, para partilhar uma parte do dia.
Não foi o caso. E a festa é de facto o menos importante. Mas a razão (“tu não és convidada porque nem gostas de festas de crianças”) e a falta de inclusão naquele dia doeu.
Porque é de facto verdade, sabem? Não gosto de festas de crianças. Nem de crianças, de uma forma geral (embora uma “larga maioria” pareça gostar de mim… vá-se lá saber porquê). Acho que herdei aquela costela da minha madrinha que se referia às crianças fora da família como “as p#/”$ das criancinhas” com um sorriso nos lábios. É verdade que amo os meus de paixão. Os 4 de sangue e os muitos do coração. Mas fica por aí.
Mas eu, que não gosto de “festas de crianças” nunca faltei a nenhuma do sobrinho mais velho, da sobrinha mais velha, da pequenina. A menos que estivesse a trabalhar. Mesmo quando fiz 300 kms para estar duas horas numa festa (da pequenina, curiosamente) exausta e a caminho de outra viagem ainda mais longa. Mesmo que ela quase nem tenha reparado que eu tinha chegado. Mas estive lá.
Vem isto a propósito de uma “festa de crianças” para que fui convidada este fim-de-semana. Para a parte familiar da festa. Os amigos e família. Com umas 10 ou 15 crianças. E aquela criança que mal conheço nem me diz nada (acho-a linda e amorosa mas pouco mais) mas adoro os pais e comoveu-me o gesto. E por isso fui. Ri. Conversei. Comi bolo e bebi champanhe. Estive lá. E vim embora ao fim de 3 horas com o coração quentinho de afecto.
E depois há coisas em que gente nunca mais tinha pensado, que já sem se lembrava que tinha doído e percebe que as cicatrizes ficam porque ainda dão sinal de vida nestas alturas. E é chato que se farta.
Lá está, talvez estes pais não soubessem que eu não gosto de “festas de crianças”. Ou talvez isso fosse o menos importante. E a “festa de crianças” fosse só um detalhe, um pretexto.
Assim como assim, fica só entre nós. Boa? Vai na volta, é melhor não lhes contar…
PS: a princesa no desenho é a preferida da "princesinha" que fez 4 anos. Era o tema da festa e estava tudo a preceito. É a "Bela" de "A Bela e o Monstro" (para os mais distraídos ;) )
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