16 de novembro de 2009

Coisas que a gente se lembra

Princesas Disney - Bela

Há uns anos, 3 ou 4 não sei precisar, o meu irmão não me convidou para o aniversário da sobrinha mais nova dizendo “tu não gostas de festas de crianças por isso vamos almoçar contigo para a semana”. Telefonou de propósito para me dizer isto. Ainda tentei almoçar com eles nesse dia (a festa era a partir das 15 ou das 16) já que não estava convidada para a festa e, apesar do que tinham decidido, eu não estar disponível para almoçar com eles na semana seguinte. Mas também não podiam porque nem iam ter tempo para almoçar.

Foi uma ferida que doeu durante muito tempo. Por ter sido excluída de uma festa onde, vá-se lá saber porquê, me achei obviamente presente. E porque a sobrinha faz anos num daqueles dias em que é sempre feriado nacional e eu tinha ouvido "piadas" um ano inteiro porque no ano anterior estava a trabalhar e cheguei tarde à festa (“Vê lá se este ano te lembras de não trabalhar” e “não vais trabalhar outra vez este ano, pois não?”). Vá-se lá saber porquê, achei que seria convidada para a festa. Ou, pelo menos, para partilhar uma parte do dia.

Não foi o caso. E a festa é de facto o menos importante. Mas a razão (“tu não és convidada porque nem gostas de festas de crianças”) e a falta de inclusão naquele dia doeu.
Porque é de facto verdade, sabem? Não gosto de festas de crianças. Nem de crianças, de uma forma geral (embora uma “larga maioria” pareça gostar de mim… vá-se lá saber porquê). Acho que herdei aquela costela da minha madrinha que se referia às crianças fora da família como “as p#/”$ das criancinhas” com um sorriso nos lábios. É verdade que amo os meus de paixão. Os 4 de sangue e os muitos do coração. Mas fica por aí.

Mas eu, que não gosto de “festas de crianças” nunca faltei a nenhuma do sobrinho mais velho, da sobrinha mais velha, da pequenina. A menos que estivesse a trabalhar. Mesmo quando fiz 300 kms para estar duas horas numa festa (da pequenina, curiosamente) exausta e a caminho de outra viagem ainda mais longa. Mesmo que ela quase nem tenha reparado que eu tinha chegado. Mas estive lá.

Vem isto a propósito de uma “festa de crianças” para que fui convidada este fim-de-semana. Para a parte familiar da festa. Os amigos e família. Com umas 10 ou 15 crianças. E aquela criança que mal conheço nem me diz nada (acho-a linda e amorosa mas pouco mais) mas adoro os pais e comoveu-me o gesto. E por isso fui. Ri. Conversei. Comi bolo e bebi champanhe. Estive lá. E vim embora ao fim de 3 horas com o coração quentinho de afecto.

E depois há coisas em que gente nunca mais tinha pensado, que já sem se lembrava que tinha doído e percebe que as cicatrizes ficam porque ainda dão sinal de vida nestas alturas. E é chato que se farta.

Lá está, talvez estes pais não soubessem que eu não gosto de “festas de crianças”. Ou talvez isso fosse o menos importante. E a “festa de crianças” fosse só um detalhe, um pretexto.
Assim como assim, fica só entre nós. Boa? Vai na volta, é melhor não lhes contar…


PS: a princesa no desenho é a preferida da "princesinha" que fez 4 anos. Era o tema da festa e estava tudo a preceito. É a "Bela" de "A Bela e o Monstro" (para os mais distraídos ;) )

Sem comentários: