Que a força do medo que tenho
não me impeça de ver o que anseio
que a morte de tudo em que acredito
não me tape os ouvidos e a boca
pois metade de mim é o que eu grito
a outra metade é silêncio
Que a música que ouço ao longe
seja linda ainda que tristeza
que a mulher que amo seja pra sempre amada
mesmo que distante
pois metade de mim é partida
a outra metade é saudade
Que as palavras que falo
não sejam ouvidas como prece nem repetidas com fervor
apenas respeitadas como a única coisa
que resta a um homem inundado de sentimentos
pois metade de mim é o que ouço
a outra metade é o que calo
Que a minha vontade de ir embora
se transforme na calma e paz que mereço
que a tensão que me corrói por dentro
seja um dia recompensada
porque metade de mim é o que penso
a outra metade um vulcão
Que o medo da solidão se afaste
e o convívio comigo mesmo se torne ao menos suportável
que o espelho reflita meu rosto num doce sorriso
que me lembro ter dado na infância
pois metade de mim é a lembrança do que fui
a outra metade não sei
Que não seja preciso mais do que uma simples alegria
pra me fazer aquietar o espírito
e que o seu silêncio me fale cada vez mais
pois metade de mim é abrigo
a outra metade é cansaço
Que a arte me aponte uma resposta
mesmo que ela mesma não saiba
e que ninguém a tente complicar
pois é preciso simplicidade pra fazê-la florescer
pois metade de mim é plateia
a outra metade é canção
Que a minha loucura seja perdoada
pois metade de mim é amor
e a outra metade também
Álbum “Trilhas” -1977
30 de junho de 2011
20 de junho de 2011
Gosto de Andorinhas...
Já te disse que gosto de Andorinhas?
Anunciam o Verão, são o prenúncio de dias felizes. E quando partem, nos primeiros frios de Outono, sabemos que voltarão, voltarão sempre, felizes em cada primavera.
Quando morre uma andorinha... não se acaba a primavera, diz o poema. Mas fica mais triste o meu Verão. E cinzentos os dias...
Gosto de Andorinhas... já te disse que gosto de Andorinhas? :)
Anunciam o Verão, são o prenúncio de dias felizes. E quando partem, nos primeiros frios de Outono, sabemos que voltarão, voltarão sempre, felizes em cada primavera.
Quando morre uma andorinha... não se acaba a primavera, diz o poema. Mas fica mais triste o meu Verão. E cinzentos os dias...
Gosto de Andorinhas... já te disse que gosto de Andorinhas? :)
9 de junho de 2011
Mudar de vida
Ou, no caso, de morada.
Vou deixar de escrever aqui e fechar este blog.
Não me procurem mais aqui, não esperem mais posts. Não voltarei.
Aos meus dois leitores fiéis... desculpem mas tem mesmo de ser.
Beijo. Grande.
Este post está escrito desde o meio-dia de 8 de Novembro de 2010. E o blog esteve quase, quase a acabar.
É provável que hoje, na verdade, já ninguém me leia. E que não tenha notado a ausência, o silêncio.
Alguém, que já não está connosco, dizia, há muito, que quando eu me calava era mau sinal. Era sinal que tinha desistido. E ainda é. Não necessariamente "mau sinal" mas sinal de desistência.
Há alturas em que o maior silêncio é este, aqui dentro.
Hoje voltei a chorar. Permiti-me chorar. Acho que o desaprendi nestes meses por razões que não vêm agora ao caso. Porque não podia ou, sem que o soubessem, não me "deixaram". Ocultar a minha... dor, era minimizar a de outros. Escolha errada, eu sei.
E é curioso que tenha sido hoje, logo hoje, que aqui voltei. Não para terminar, não para o "fechar" ou deixar por aqui ao "abandono" como tantos outros que li em tempos. Ou como já fiz no passado, não foi G?
Mas estou outra vez a divagar (a conversa é como as cerejas, sabiam? A escrita também). É curioso que tenha sido hoje porque andava a pensar voltar a escrever aqui (se eu postasse todos os posts que "escrevo" no pensamento nos muitos quilómetros que tenho andado a pé, isto nunca mais acabava! E "lindos"!) quando um acto inconsequente trouxe de volta um passado terno e distante como se fosse uma bofetada. O choque foi tanto, a supresa foi tanta, que de repente dou por mim a chorar. Esse choque, esse passado tão distante que hoje voltou tão... mudou algumas coisas de repente. Incluindo este blog. Que existiu porque eu precisava de por exteriorizar aquilo que não podia dizer. Quando queria dizer. A quem queria dizer... o "Amor (im)perfeito" que então vivia. Era agora ou nunca, terminava aqui. O blog. E estava quase a fazer "delete" quando percebi que... não queria. Não quero.
Por isso vai ficando por aqui... com novos e velhos posts. Com rascunhos que acabei por não publicar na altura e que agora quero guardar. Mas "mais leve" sem muitos dos primeiros posts.. Com todo esse "passado" arquivado onde espero nunca mais voltar. Há fotografias que olhamos e não identificamos quem lá está... nunca vos aconteceu? Tantas pessoas, tantos lugares que nos disseram tanto e que agora são imagens vagas, desbotadas e, muitas vezes, anónimas. Eram assim, esses posts.
Não vai mudar nada nesse passado. Aquilo que fazemos fica connosco para sempre. Mas o resto eu posso mudar. Ou tentar pelo menos :)
Vou deixar de escrever aqui e fechar este blog.
Não me procurem mais aqui, não esperem mais posts. Não voltarei.
Aos meus dois leitores fiéis... desculpem mas tem mesmo de ser.
Beijo. Grande.
Este post está escrito desde o meio-dia de 8 de Novembro de 2010. E o blog esteve quase, quase a acabar.
É provável que hoje, na verdade, já ninguém me leia. E que não tenha notado a ausência, o silêncio.
Alguém, que já não está connosco, dizia, há muito, que quando eu me calava era mau sinal. Era sinal que tinha desistido. E ainda é. Não necessariamente "mau sinal" mas sinal de desistência.
Há alturas em que o maior silêncio é este, aqui dentro.
Hoje voltei a chorar. Permiti-me chorar. Acho que o desaprendi nestes meses por razões que não vêm agora ao caso. Porque não podia ou, sem que o soubessem, não me "deixaram". Ocultar a minha... dor, era minimizar a de outros. Escolha errada, eu sei.
E é curioso que tenha sido hoje, logo hoje, que aqui voltei. Não para terminar, não para o "fechar" ou deixar por aqui ao "abandono" como tantos outros que li em tempos. Ou como já fiz no passado, não foi G?
Mas estou outra vez a divagar (a conversa é como as cerejas, sabiam? A escrita também). É curioso que tenha sido hoje porque andava a pensar voltar a escrever aqui (se eu postasse todos os posts que "escrevo" no pensamento nos muitos quilómetros que tenho andado a pé, isto nunca mais acabava! E "lindos"!) quando um acto inconsequente trouxe de volta um passado terno e distante como se fosse uma bofetada. O choque foi tanto, a supresa foi tanta, que de repente dou por mim a chorar. Esse choque, esse passado tão distante que hoje voltou tão... mudou algumas coisas de repente. Incluindo este blog. Que existiu porque eu precisava de por exteriorizar aquilo que não podia dizer. Quando queria dizer. A quem queria dizer... o "Amor (im)perfeito" que então vivia. Era agora ou nunca, terminava aqui. O blog. E estava quase a fazer "delete" quando percebi que... não queria. Não quero.
Por isso vai ficando por aqui... com novos e velhos posts. Com rascunhos que acabei por não publicar na altura e que agora quero guardar. Mas "mais leve" sem muitos dos primeiros posts.. Com todo esse "passado" arquivado onde espero nunca mais voltar. Há fotografias que olhamos e não identificamos quem lá está... nunca vos aconteceu? Tantas pessoas, tantos lugares que nos disseram tanto e que agora são imagens vagas, desbotadas e, muitas vezes, anónimas. Eram assim, esses posts.
Não vai mudar nada nesse passado. Aquilo que fazemos fica connosco para sempre. Mas o resto eu posso mudar. Ou tentar pelo menos :)
Quase Natal (escrito a 21 de Novembro de 2010)
Hoje, o Natal chegou de madrugada à minha casinha de "brincar". Começa a haver, por todo o lado, luzes e cores, pais natal, presépios, velas e árvores de natal... e estrêlas e luzes...
Hoje, o mais velho sorriu quando chegou e viu, que apesar do Natal, o "Tahu" permanece, imutável, quase no lugar de sempre, o lugar em que ele o deixou há meses, de sabre de fogo em punho para "tomar conta" de mim :D
E o mais pequenino, o mais pequenino sorria feliz. Com tanto "natal" por todo o lado :D
Houve risos e beijos e abraços. E foi um dia feliz, de sol. Quase Natal.
Hoje, o mais velho sorriu quando chegou e viu, que apesar do Natal, o "Tahu" permanece, imutável, quase no lugar de sempre, o lugar em que ele o deixou há meses, de sabre de fogo em punho para "tomar conta" de mim :D
E o mais pequenino, o mais pequenino sorria feliz. Com tanto "natal" por todo o lado :D
Houve risos e beijos e abraços. E foi um dia feliz, de sol. Quase Natal.
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