"A minha decisão está tomada, eu vou desertar."
Havia um poema assim quando eu andava no liceu. Era um poema em francês. Escrito, se a memória não me engana, por um combatente camponês na 2a guerra mundial. Um "partisan". Traduzi-o nessa época. Uma tradução livre, que não recordo ter sido apenas por prazer ou por obrigação académica.
Lembro-me de sempre me ter atraído este poema, quase um desabafo, em que alguém explicava porque ía desertar. Não retive o resto do poema, os detalhes da explicação, porque desertava (embora ainda o deva ter por aí, nas poucas recordações "fisicas" que carrego ao longo da vida) mas a frase ficou para sempre "a minha decisão está tomada, eu vou desertar".
Por estes dias vem-me de novo à memória.
Mesmo sabendo que não se trata de uma deserção, que não é uma "traição à pátria". Mas depois de 12 anos, está tudo feito por aqui. É tempo de partir, de regressar a casa.
O processo ainda mal começou. Não sei qual é o desfecho, o destino.
Há o destino desejado e o destino possível. Naturalmente, torço pelo primeiro.
Do destino, depende também o timing... da conclusão, feliz ou não, do processo em curso.
Já não estou, realmente, aqui. "Já lá estou, antes de chegar", seja qual for o resultado. Mas, citando a minha amiga, foi alcançado o "ponto de não retorno".
É tempo de abrir os armários e deixar sair os fantasmas. De lamber e deixar sarar as feridas. É tempo de seguir em frente sem culpas e sem mágoas.
A minha decisão está tomada, eu vou desertar.
E voltar, tanto tempo depois, para casa.
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