19 de setembro de 2009

Num dia de Agosto...

"A minha decisão está tomada, eu vou desertar."

Havia um poema assim quando eu andava no liceu. Era um poema em francês. Escrito, se a memória não me engana, por um combatente camponês na 2a guerra mundial. Um "partisan". Traduzi-o nessa época. Uma tradução livre, que não recordo ter sido apenas por prazer ou por obrigação académica.

Lembro-me de sempre me ter atraído este poema, quase um desabafo, em que alguém explicava porque ía desertar. Não retive o resto do poema, os detalhes da explicação, porque desertava (embora ainda o deva ter por aí, nas poucas recordações "fisicas" que carrego ao longo da vida) mas a frase ficou para sempre "a minha decisão está tomada, eu vou desertar".

Por estes dias vem-me de novo à memória.
Mesmo sabendo que não se trata de uma deserção, que não é uma "traição à pátria". Mas depois de 12 anos, está tudo feito por aqui. É tempo de partir, de regressar a casa.

O processo ainda mal começou. Não sei qual é o desfecho, o destino.
Há o destino desejado e o destino possível. Naturalmente, torço pelo primeiro.

Do destino, depende também o timing... da conclusão, feliz ou não, do processo em curso.

Já não estou, realmente, aqui. "Já lá estou, antes de chegar", seja qual for o resultado. Mas, citando a minha amiga, foi alcançado o "ponto de não retorno".

É tempo de abrir os armários e deixar sair os fantasmas. De lamber e deixar sarar as feridas. É tempo de seguir em frente sem culpas e sem mágoas.

A minha decisão está tomada, eu vou desertar.
E voltar, tanto tempo depois, para casa.

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