10 de julho de 2013

pois....

Estou só. Há demasiado tempo. 
Há momentos em que paro para pensar nisso... e reconheço que não me deixa particularmente feliz. 
Como esta manhã em que acordei angustiada e o pensamento me "perseguiu" por algum tempo.

Todos á minha volta são ou foram casados, Vivem ou viveram com alguém. Namoram. Têm filhos.

E são todos mais novos. Uns mais, outros menos. Mas todos mais novos.
Sou eu quem "destoa" no meio da multidão. Pela idade, também. Mas não só.

Nunca vivi com ninguém... nunca me passou pela cabeça. 
Nunca ninguém quis viver comigo ou mo propôs. Há experiências que nunca tive e, sinceramente, questiono se alguma vez terei.

Toda a vida soube que não quero ter filhos. É uma daquelas coisas que nunca questionei. Embora, volta e meia, brinque que a vida dá muitas voltas e quem sabe se um dia, em nome de um amor maior, não mudo de ideias.

Mas os anos passam... a idade, como um médico me lembrou no verão passado, não é minha aliada nisto da maternidade... falta pouco para uma eventual gravidez ser de risco. E para a eventualidade de ser "mãe-avó". Ou para a natureza seguir o seu curso...

Estou a tornar-me uma "solteirona"... alguém que vive sozinha há 16 anos. que nunca partilhou o mesmo espaço, alguém com quem nunca ninguém quis casar. Cheia de "manias"...

Um dia perguntei a um namorado (num momento de nostalgia a propósito da festa de alguém): "se eu prometer dizer que não, pedes-me em casamento?". Adivinhem a resposta... pois, foi isso mesmo. Um não redondo. E eu, feita parva, continuei aquela relação por algum tempo mais (não fui sequer eu quem pôs um ponto final). Mas devia ter terminado ali.

Não porque ache, ou achasse, que uma relação termina necessariamente nesse ponto mas, se alguém que está comigo há já algum tempo me dá uma resposta dessas... faz sentido continuar?

Acontece que sou assim... alimento ad eternum relações impossíveis. Sem sentido e sem futuro. Até que o outro lado desiste e se vai embora.

Quando a minha irmã foi mãe e o mano casou (com um ano de diferença, mais coisa menos coisa) eu não namorava. Também me disseram, nessa altura, que os manos me tinham "fechado a porta"... como se ficasse num limbo em que, por o mais novo ter casado e a mais velha ter sido mãe, nada mais me restava, a mim, a "menina do meio".

E a verdade é que se passaram 16 anos e nunca mais namorei... não, não quero que pensem que não houve ninguém na minha vida em todo este tempo. Houve, passados uns 8 ou 9 anos, mas houve. Só que não eram (não foram) "namoros", relações de descoberta e em construção.

Amigos "coloridos"... relações impossíveis condenadas á partida. Algumas com ternura, prazer e muita alegria. Outras com sentimentos mais fortes (eventualmente de ambas as partes) mas sem qualquer tipo de futuro. 

O triste, chato... comum a estes factores, é que eu sabia á partida que o eram e mesmo assim permiti que as coisas fossem crescendo ("o coração tem razões que a razão desconhece...") e depois... acabo sempre só.

Oh sim, ouvi coisas lindas. Vivi momentos fantásticos. Carinhosos. Leves.

Mas são momentos... fugazes.
Nos "amigos coloridos" (poucos, ok? Também não quero que fiquem para aí a pensar sei lá o quê!) houve muita ternura, muito divertimento. E acontecia pontualmente, se estávamos os dois para aí virados. Questões de carência, pele, disponibilidade... éramos amigos antes, continuámos amigos depois. Mais amigos até, parece-me :)

Já nos amores... aparentemente reciprocos... - fui "a mulher da minha vida" a que "me completa em todos os aspectos" e "nunca fui tão feliz como sou contigo..." - quando a porta se fechou, a escolha não fui eu. Quando foi preciso tomar opções... foi outro o caminho.

Portanto, não sou eu a mulher com quem se sonha ficar até o sempre durar... envelhecer, quem sabe?
E por isso me pergunto... será que há alguma coisa diferente em mim? Que assusta, que afasta, que não é o bastante para me quererem realmente? Terei eu um "defeito de fabrico" que não consigo ultrapassar? Estarei reduzida a esta condição de "solteirona", que se tem a si própria por única companhia, se escolher fazer o que quer que seja sem mamãe?

Há dias em que fico a matutar nestas coisas... angustiada com esta "solidão" relativa. Um dia disse, a propósito das muitas viagens Porto-Lisboa-Porto, "nunca há ninguém há minha espera..." e não havia. Não há. Há muitos anos, há muito tempo. Demasiado tempo.

Vejo-os em todo o lado, a todo o momento, a fazer e receber telefonemas. Ou mensagens. Para matar saudades, para fazer planos, para as coisas prosaicas do dia-a-dia... o meu telemóvel não toca. Não faz chamadas. Não recebe mensagens. Não destas, pelo menos. Ninguém bate há minha porta. Ninguém me espera em lugar algum.

Eu sei, com este lado pragmático que descobri ter, que o mundo não é rosa e preto. que estas pessoas não são, na maior parte do tempo, mais felizes que eu. Que terão, até, dias inversos ao que tenho hoje: "invejam" a minha "auto-suficiência", a minha liberdade de ir e vir, de não ter de dividir espaços ou dar explicações.

Não é, verdadeiramente, essa a questão. Estar só ou acompanhado.
A questão é o motivo porque estou só há tanto tempo. A questão é porque razão as escolhas de eventuais parceiros foram sempre outras... desde a primária que é assim (nunca namorei na primária ou no liceu, ao contrário de quase toda a gente). 

Eu era sempre a "engraçadinha" mas não suficientemente "gira" para quem se olhava duas vezes. A"tipa porreira". A amiga da "outra linda" em quem eles estavam interessados... a confidente, nalguns casos. Aquela com quem se podia brincar e falar de coisas sérias. Pedir ajuda e conversar. E na maior parte das vezes, fiquei realmente "a ganhar". Porque os namoros acabavam e as amizades não.

Esse padrão não mudou. Nunca se alterou. Numa ou duas situações, descobri que poderia ter sido mais do que isso porque afinal até "me achavam muita piada"... mas não aconteceu. Não foi dado qualquer passo nessa direcção. E porquê, pergunto eu? O que haveria em mim, o que há em mim, que afasta eventuais interessados? Que bloqueia esses "passos" que poderiam ter dado, ou não, origem a alguma coisa.

Anos mais tarde, num ou noutro caso, descubro que "tu é que eras a mulher certa para mim mas na altura não percebi isso...". Pois não, não percebeste. E agora é tarde, demasiado tarde. Por ti. Ou por mim. Ainda que eu fosse a mulher certa para ti, terias sido tu o homem certo para mim?

A minha amiga acha que, num dos caso, houve "boicote" por parte de um amigo comum. Segundo ela, o tal amigo, também estava interessado e de alguma forma dissuadia o outro de se aproximar. Eu não acredito. Acho completamente impossível. Mas ela acredita realmente nisso, sempre acreditou. Porque ele, o amigo, era o único que sabia que o interesse era mútuo. E podia ter "ajudado" a que as coisas acontecessem. Segundo a minha amiga... ele fez exactamente o contrário. Não sei. Não sabemos. E nunca saberemos, não é? :)

E há um caso em que, não tendo sido exactamente nas mesmas circunstâncias, uma amiga com quem me dei muito a certa altura, foi muito óbvia em relação a uma determinada pessoa em que ela estava interessada (e cujo interesse, físico, era reciproco) e que começou a ficar muito próximo de mim, Era bastante óbvia quando nos afastava e se insinuava perante ele. No ultimo dia de férias, "ganhou" o que queria, pelo menos deve ter ficado a pensar isso, e eu não ganhei nem perdi... não estávamos no mesmo plano de proximidade.

Nos quase 10 anos em que não houve realmente ninguém (nem mesmo "colorido"), diziam-me que era eu que não estava claramente disponível para ninguém e que, sem sabermos, emitimos esses sinais que, de alguma forma, leva a que eventuais aproximações são barradas á partida sem que seja preciso fazer o que quer que seja.

Não sei se será bem assim... mas sei que a primeira vez que voltou a acontecer, foi uma "surpresa". Achei que estavam interessados na amiga com quem estava, LOL. Se até eu fico surpreendida... não é lá muito bom sinal, pois não? :)

Talvez a minha mãe e o mano tenham razão: eu sou muito exigente... mais do que algumas pessoas, pelo menos. Ou não. Como poderei eu ser exigente, se não há ninguém do outro lado para descobrir?

Não quero que fiquem a pensar que vivo angustiada com estas coisas, não é de todo o caso. Na maior parte dos dias sinto-me muito bem na minha pele. 

Sou uma pessoa feliz. Gosto bastante mais de mim agora, a todos os níveis,do que gostava há 5 ou 10 anos. Vivo uma boa vida. Gosto do que faço. De quase todos os que me rodeiam. Da minha família. Do meu mundo de afectos. Gosto muito do meu cantinho de mundo.

Mas de vez em quando... apetece-me partilhar tudo isto com alguém. Não fica o mundo mais brilhante quando o vivemos a dois? Quem sabe um dia? 

O que tiver de ser, será...

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