30 de novembro de 2012

coisas do inconsciente

Sonhei contigo esta noite.


Com vocês, na verdade. Um sonho estúpido, sem nexo. Embora a minha doutora diga que não existem sonhos sem nexo da mesma forma que a minha garganta não enrouquece por acaso. Talvez sonhemos os nossos medos e angústias. Talvez o sonho tenha vindo porque vos vi tão próximos ainda no outro dia. Talvez seja pela conversa recente, cíclica. Pelo que se fala, fala mas nunca acontece.

Do sonho lembro que me afastava, afastava sempre. Não queria fazer parte daquilo. Mas não sei, não me lembro do que sentia para além disso. Cansaço, impaciência, saturação. Sim. Mais do que isso não sei. Não me recordo triste, zangada, aliviada… talvez confusa. Muito. Sem perceber (mas percebendo) como tudo aquilo era possível. Lembro a impaciência de tentar perceber porque razão insistia em mostrar-me evidências, provas, de que tinha acontecido, que acontecia, que era mesmo verdade e não uma história elaborada para me magoar ou afastar. Não que fosse dito claramente, preto no branco. Mas estavam ali factos: passagens de avião, bilhetinhos com datas recentes, postais das várias cidades com mensagens de ternura...

Coisa estranha, isto dos sonhos. Porque tenho (tive) alguém que me era muito próximo e o fazia com o amor de então. Viviam em países distantes e encontravam-se em várias cidades europeias pelo menos uma vez por mês. Normalmente durante a semana. 2 ou 3 dias. Esses encontros eram-me descritos com bastantes detalhes e entusiasmo. Conheci a pessoa em causa. Gostei da pessoa. Torci, por muito tempo, para que resultasse. Queremos sempre a felicidade dos que amamos.

Era assim este sonho, estes encontros que me eram descritos, estes voos para cidades distantes, não pela distância um do outro, mas para fugir de todos. É curioso que, neste sonho em concreto, com vocês os dois, a dinâmica fosse semelhante. É engraçado como o subconsciente vai buscar estas coisas.

Acordei muitas vezes esta noite (como sempre, aliás) e lembro-me de, a dado momento, ter desejado não retomar, por favor, aquele sonho. Porque acordava, adormecia, sonhava, acordava, adormecia, sonhava vezes sem conta… como se fosse um filme que ficava em pausa sempre que o sono fugia (ou eu fugia do sono) para retomar logo que adormecia. Estava farta, saturada. Já tinha percebido, pronto. Podiam fazer o favor de ir embora e deixar que outro sonho parvo, provavelmente, o substituísse?

Os sonhos são coisas estranhas e este, em várias versões e com dois únicos personagens em comum (tu e eu, embora nem sempre eu vejo “sei” que estamos), tem sido recorrente de há uns tempos para cá. E se em tempos me perguntei “porquê? porquê agora e não antes?”, já não questiono… se a doutora tiver razão e tudo isto fizer, apesar de tudo, algum sentido.

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