19 de abril de 2010
14 de abril de 2010
7 de abril de 2010
primeiro amor
Nunca fiz parte do grupo daqueles que acreditam que o primeiro amor é o mais marcante da nossa vida. Por ser o primeiro amor. Só por esse simples facto… ter sido o primeiro. Aquele que nunca esquecemos e que nos marca para sempre.
Talvez porque o meu maior e mais intenso amor não tenha sido o primeiro. Talvez porque não fosse com ele o meu primeiro beijo (que de facto nunca esqueci).
Mas era especial. Porque fui muito apaixonada por ele. Porque eu era uma miúda de 16 anos e estava tudo a acontecer. Cada dia era uma descoberta. Foi, durante muitos anos, a segunda relação mais longa da minha vida. Logo depois da família.
Um dia, depois de 7 anos juntos, olhei para o lado.
Pela primeira vez, depois de tanto tempo, mesmo com os “altos e baixos” normais destas coisas. Mesmo com o afastamento de um ano por opção dele. Um dia, 7 anos depois, quase sem saber como, quase sem dar por isso, apeteceu-me estar com outra pessoa, descobrir outra pessoa. Ser redescoberta.
Nunca aconteceu. Por muitas razões, de parte a parte.
Mas a vontade de acontecer foi, para mim, um sinal de alerta. Que me fez olhar para nós e ver aquilo que a rotina e o aparente "conforto" de estar com alguém que conhecemos e nos conhece, por vezes esconde.
Já não havia paixão. Já não havia curiosidade. Olhava em frente e não nos imaginava a construir o que quer que fosse. Aquela não era a minha "casa", o meu "lugar no mundo". E a dele também não. Foi, para mim, talvez porque a desejei e motivei, uma separação tranquila. Sem a dor que nos tolhe os movimentos. Com a nostalgia do fim, mas sem saudades do futuro.
Durante algum tempo, mantivemos contacto por carta (na época não havia telemóveis) e com os habituais postais de aniversário. E eu ficava feliz com aquela troca de notícias duas vezes por ano. Por nos lembrarmos e termos o carinho de o demonstrar.
Um dia zangámo-nos. Por carta, claro. Trocámos uma ou duas cartas mais parvas e quebrámos o contacto. Ambos mutuamente impacientes e irritados com a “estupidez” do outro.
E durante anos não soubemos nada. Não havendo amigos comuns, a distância instalou-se. De vez em quando pensava se seria morto ou vivo. Se teria casado. Se teria filhos. Ás vezes, a propósito de pequenas coisas lembrava um momento, uma frase, um gesto.
No último ano falei mais dele, pensei mais nele, do que em quase todos os restantes anos. Porque outros reencontros me levaram de volta a esse tempo na memória.
Por isso achei curioso que um dia, no facebook, tivesse aparecido. “Já passou tanta vida, será que já podemos ser amigos?”. Fiquei verdadeiramente feliz. As pessoas que amámos nunca deviam deixar de fazer parte da nossa vida. Porque não havíamos nós de poder ser amigos? Acreditei que nunca tivéramos objecções a sê-lo.
E foi muito divertido nos primeiros tempos. Passámos noites inteiras a conversar no Messenger, trocámos mensagens, falámos ao telefone.
Surpreenderam-me as coisas de que ele se lembrava, os detalhes. Surpreendeu-me e chocou-me a minha ausência de memórias desse tempo. Talvez ele lembre tudo e eu tenha guardado o “essencial”. Guardo mais a memória do sentimento do que dos detalhes. Com algumas honrosas excepções.
Mas depois… a pretexto do “não tenho nenhum motivo para não te dizer tudo o que penso” foi-se perdendo a ternura, a cumplicidade recuperada nas memórias de um tempo que ficou para trás, a doçura.
Surgiu algum ressentimento pelas fotos que não tenho, nunca tive ou não guardei. Pelas memórias que não tenho, pelo que não lembro.
Houve um encontro, um único, um café de quase duas horas que quiseste transformar em jantar e eu não. Porque o tinha aceite mais para parar de te ouvir reclamar que por vontade, num tempo de mudança em que mal tinha tempo para mim.
Começaram as cobranças pelos convites que não aceitei, pelas conversas que me recusei a ter, pelas coisas que não te contei. Por não acreditar em amizades instantâneas só porque nos amámos um dia. Por achar que 20 anos são uma vida e tudo mudou realmente.
Um dia disseste: “desculpa que te diga mas acho que não gosto lá muito das mudanças que o tempo te causou”. Não? Curioso, eu também não… parece-me que não gosto lá muito de quem és agora. Não gosto do homem amargo, autoritário e triste em que te tornaste.
E queria tanto gostar, sabes? Queria tanto que ainda me fizesses rir, ou sorrir, com a ideia de te ver de vez em quando, de conversar volta e meia, queria tanto gostar de te ter por perto.
Estás enganado. Há coisas que não se dizem. Não assim, á queima-roupa. Não a alguém que amámos um dia mas já não conhecemos.
Gostar de alguém, ser amigo de alguém, não nos dá todos os direitos. Não assim, de um dia para o outro.
A vida mudou-nos, o tempo, e os novos - intensos, vividos, adultos - amores também. Não digo que não para te "picar", para te contrariar, para ser “difícil” ou “superior”. Não sou a menina rabiteza por quem te apaixonaste um dia. Digo-te que não porque não gosto e não quero.
Olho para trás e não reconheço o rapaz que amei. Que fazia o meu coração bater acelerado. Que me fazia rir. Mesmo quando me irritava.
E é por isso que vou seguir adiante. Sem te atender o telefone ou responder no Messenger e nas sms.
Para ainda te poder guardar naquele cantinho doce e carinhoso onde gosto que estejas. E esquecer o reencontro. Para não te perder da minha memória.
Talvez porque o meu maior e mais intenso amor não tenha sido o primeiro. Talvez porque não fosse com ele o meu primeiro beijo (que de facto nunca esqueci).
Mas era especial. Porque fui muito apaixonada por ele. Porque eu era uma miúda de 16 anos e estava tudo a acontecer. Cada dia era uma descoberta. Foi, durante muitos anos, a segunda relação mais longa da minha vida. Logo depois da família.
Um dia, depois de 7 anos juntos, olhei para o lado.
Pela primeira vez, depois de tanto tempo, mesmo com os “altos e baixos” normais destas coisas. Mesmo com o afastamento de um ano por opção dele. Um dia, 7 anos depois, quase sem saber como, quase sem dar por isso, apeteceu-me estar com outra pessoa, descobrir outra pessoa. Ser redescoberta.
Nunca aconteceu. Por muitas razões, de parte a parte.
Mas a vontade de acontecer foi, para mim, um sinal de alerta. Que me fez olhar para nós e ver aquilo que a rotina e o aparente "conforto" de estar com alguém que conhecemos e nos conhece, por vezes esconde.
Já não havia paixão. Já não havia curiosidade. Olhava em frente e não nos imaginava a construir o que quer que fosse. Aquela não era a minha "casa", o meu "lugar no mundo". E a dele também não. Foi, para mim, talvez porque a desejei e motivei, uma separação tranquila. Sem a dor que nos tolhe os movimentos. Com a nostalgia do fim, mas sem saudades do futuro.
Durante algum tempo, mantivemos contacto por carta (na época não havia telemóveis) e com os habituais postais de aniversário. E eu ficava feliz com aquela troca de notícias duas vezes por ano. Por nos lembrarmos e termos o carinho de o demonstrar.
Um dia zangámo-nos. Por carta, claro. Trocámos uma ou duas cartas mais parvas e quebrámos o contacto. Ambos mutuamente impacientes e irritados com a “estupidez” do outro.
E durante anos não soubemos nada. Não havendo amigos comuns, a distância instalou-se. De vez em quando pensava se seria morto ou vivo. Se teria casado. Se teria filhos. Ás vezes, a propósito de pequenas coisas lembrava um momento, uma frase, um gesto.
No último ano falei mais dele, pensei mais nele, do que em quase todos os restantes anos. Porque outros reencontros me levaram de volta a esse tempo na memória.
Por isso achei curioso que um dia, no facebook, tivesse aparecido. “Já passou tanta vida, será que já podemos ser amigos?”. Fiquei verdadeiramente feliz. As pessoas que amámos nunca deviam deixar de fazer parte da nossa vida. Porque não havíamos nós de poder ser amigos? Acreditei que nunca tivéramos objecções a sê-lo.
E foi muito divertido nos primeiros tempos. Passámos noites inteiras a conversar no Messenger, trocámos mensagens, falámos ao telefone.
Surpreenderam-me as coisas de que ele se lembrava, os detalhes. Surpreendeu-me e chocou-me a minha ausência de memórias desse tempo. Talvez ele lembre tudo e eu tenha guardado o “essencial”. Guardo mais a memória do sentimento do que dos detalhes. Com algumas honrosas excepções.
Mas depois… a pretexto do “não tenho nenhum motivo para não te dizer tudo o que penso” foi-se perdendo a ternura, a cumplicidade recuperada nas memórias de um tempo que ficou para trás, a doçura.
Surgiu algum ressentimento pelas fotos que não tenho, nunca tive ou não guardei. Pelas memórias que não tenho, pelo que não lembro.
Houve um encontro, um único, um café de quase duas horas que quiseste transformar em jantar e eu não. Porque o tinha aceite mais para parar de te ouvir reclamar que por vontade, num tempo de mudança em que mal tinha tempo para mim.
Começaram as cobranças pelos convites que não aceitei, pelas conversas que me recusei a ter, pelas coisas que não te contei. Por não acreditar em amizades instantâneas só porque nos amámos um dia. Por achar que 20 anos são uma vida e tudo mudou realmente.
Um dia disseste: “desculpa que te diga mas acho que não gosto lá muito das mudanças que o tempo te causou”. Não? Curioso, eu também não… parece-me que não gosto lá muito de quem és agora. Não gosto do homem amargo, autoritário e triste em que te tornaste.
E queria tanto gostar, sabes? Queria tanto que ainda me fizesses rir, ou sorrir, com a ideia de te ver de vez em quando, de conversar volta e meia, queria tanto gostar de te ter por perto.
Estás enganado. Há coisas que não se dizem. Não assim, á queima-roupa. Não a alguém que amámos um dia mas já não conhecemos.
Gostar de alguém, ser amigo de alguém, não nos dá todos os direitos. Não assim, de um dia para o outro.
A vida mudou-nos, o tempo, e os novos - intensos, vividos, adultos - amores também. Não digo que não para te "picar", para te contrariar, para ser “difícil” ou “superior”. Não sou a menina rabiteza por quem te apaixonaste um dia. Digo-te que não porque não gosto e não quero.
Olho para trás e não reconheço o rapaz que amei. Que fazia o meu coração bater acelerado. Que me fazia rir. Mesmo quando me irritava.
E é por isso que vou seguir adiante. Sem te atender o telefone ou responder no Messenger e nas sms.
Para ainda te poder guardar naquele cantinho doce e carinhoso onde gosto que estejas. E esquecer o reencontro. Para não te perder da minha memória.
4 de abril de 2010
Coisas que podiam não ser assim...
Ou o aniversário que todos parecem ter esquecido.
Tio e tia. Primas.
Ou a Páscoa em que só a mais velha, e só a mim, mandou um beijo.
Não... há coisas que podiam mesmo não ser assim. Mas são.
Paciência.
Tio e tia. Primas.
Ou a Páscoa em que só a mais velha, e só a mim, mandou um beijo.
Não... há coisas que podiam mesmo não ser assim. Mas são.
Paciência.
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